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v. 2, n. 9, set. 2024
Entrevista com Thayron Rangel sobre sua pesquisa que analisou a acessibilidade como uma ferramenta inclusiva para a garantia da cidadania

Entrevista com Thayron Rangel sobre sua pesquisa que analisou a acessibilidade como uma ferramenta inclusiva para a garantia da cidadania

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Entrevista com Thayron Rangel sobre sua pesquisa que analisou a acessibilidade como uma ferramenta inclusiva para a garantia da cidadania

Thayron Rodrigues Rangel

thayron.rangel@gmail.com

Sobre o entrevistado

O doutor Thayron Rodrigues Rangel defendeu, em 2023, sua tese de pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense, sob orientação do Prof. Dra. Lúcia Maria Velloso de Oliveira

Natural de Minas Gerais e vivendo no Rio de Janeiro, Thayron atua como Assessor Técnico na Diretoria de Gestão de Documentos do Arquivo Nacional e docente em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância no Instituto Federal do Rio de Janeiro. Seus hobbies são: dançar, viajar e aprender coisas novas.

Sua dissertação, intitulada “(Re)Pensando a universalidade do acesso nos arquivos públicos: a acessibilidade como uma ferramenta inclusiva para a garantia da cidadania”, analisou a universalidade do acesso nos arquivos públicos com foco na inclusão social. Em sua tese, o pesquisador indica uma desatenção de profissionais arquivistas e das instituições públicas arquivísticas com o acesso universal. Desse modo, a pesquisa mostra a necessidade de se empreender a aplicar dimensões da acessibilidade nos ambientes arquivísticos.

Convidamos Thayron para nos contar, nesta entrevista, como se deu o percurso de sua pesquisa e sua experiência ao fazer o doutorado.

Divulga-CI: O que te levou a fazer o doutorado e o que te inspirou na escolha do tema da tese?

Thayron Rangel (TR): O interesse pelo doutoramento surgiu de duas razões: a necessidade de entender o papel dos usuários na promoção do acesso em instituições arquivísticas e meu desejo de seguir a carreira docente.

DC: Em qual momento de seu tempo no doutorado você teve certeza que tinha uma “tese” e que chegaria aos resultados e conclusões alcançados?

TR: Difícil essa pergunta… Essa percepção se consolidou após a qualificação, quando reconheci as entregas realizadas e as possibilidades de alcançar os objetivos propostos.

DC: Citaria algum trabalho (artigo, dissertação, tese) ou ação decisiva para sua tese? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?

TR: A pesquisa enfrentou desafios devido à pandemia, que dificultou o acesso a bases de dados e fontes de consulta, além da escassez de estudos relacionados ao tema. Iniciativas como o Repositório Tassia da UNIRIO e guias sobre ações de acessibilidade foram essenciais para o desenvolvimento da tese.

DC: Por que sua tese é um trabalho de doutorado, o que você aponta como ineditismo?

TR: A tese apresenta elementos inéditos, reconhecidos pela banca, como a abordagem da pesquisa, a temática, o objeto, a metodologia e exemplos que promovem práticas mais acessíveis e inclusivas.

DC: Em que sua tese pode ser útil à sociedade?

TR: As informações fornecidas aos leitores ao longo da tese, podem colaborar com a construção de arquivos e bibliotecas inclusivos à todas as pessoas, tendo como base referencial a adoção das tecnologias assistivas e a supressão das barreiras que impedem a efetivação do acesso à informação e cultura (atitudinal, arquitetônica, comunicacional, digital, instrumental, metodológica e programática)

DC: Quais são as contribuições de sua tese? Por quê?

TR: A pesquisa contribui para que profissionais da Ciência da Informação compreendam a importância de práticas inclusivas nas Unidades de Informação, além de abordar a invisibilização das pessoas com deficiência nesses espaços.

DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?

TR: Durante o desenvolvimento da pesquisa, houve mudanças de direção devido à quantidade de dados necessários para sua conclusão. Após a defesa, identifiquei que a metodologia foi definida com o objetivo de promover a compreensão sobre acessibilidade e inclusão social, orientando profissionais sobre como desenvolver práticas inclusivas. Em síntese, ensinar o que seria e como desenvolver.

DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a tese? 

TR: Acho que poderia dizer 50% inspiração e 50% transpiração. No desenvolvimento da pesquisa houve algumas mudanças de percurso e redesenho das rotas. Isto deveu-se ao quantitativo de dados e informações necessárias à conclusão da pesquisa. Outra dificuldade encontrada foi a incipiência de estudos sobre a temática. A ausência de disciplinas nas matrizes curriculares e de políticas relacionadas à inclusão social em arquivos, nos fez suar bastante. Todavia, acredito que identificar tantas ausências acabou nos incentivando a construir algo que servisse como primeiro passo para o preenchimento dessa lacuna.

DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da tese?

TR: A falta de estudos sobre a temática e a ausência de disciplinas relacionadas à inclusão social em arquivos foram grandes desafios. Contudo, essas lacunas nos motivaram a criar algo que servisse como um primeiro passo para abordá-las.

DC: Como foi o relacionamento com a família durante o doutorado?

TR: Foi bastante incomum, uma pesquisa longa acaba exigindo muito do pesquisador e consecutivamente de toda a rede de apoio.

DC: Qual foi a maior dificuldade de sua tese? Por quê?

TR: O TDAH. A dificuldade de concentração e o baixo índice de memória alternada dificultaram bastante o processo de construção da pesquisa. Conciliar o trabalho em tempo integral com as disciplinas e as exigências da tese foi um grande desafio, exigindo resiliência.

DC: Que temas de mestrado citaria como pesquisas futuras possíveis  sobre sua tese?

TR: Desenvolver pesquisas aplicadas às dimensões da acessibilidade.

DC: Quais suas pretensões profissionais agora que você se doutorou?

TR: A docência é um grande objetivo agora.

DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora? 

TR: Acredito que nada, mas seria um percurso mais leve devido ao ingresso no tratamento do TDAH.

DC: Como você avalia a sua produção científica durante o doutorado (projetos, artigos, trabalhos em eventos, participação em laboratórios e grupos de pesquisa)? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?

TR: Durante o doutorado nos dedicamos à publicação de pesquisas que até então estavam paradas. Foi uma decisão não publicar produtos da tese, mesmo que parciais. Com a defesa, iniciamos a publicação da pesquisa em eventos da área da Ciência da Informação e em periódicos científicos. Já constam artigos publicados na Revista Inclusão Social e em fase de publicação em periódicos e anais do EDICIC e REPARQ.

DC: Você exerceu alguma monitoria/estágio docência durante o doutorado? Como foi a experiência?

TR: Sim, realizei estágio docência na disciplina de Políticas Arquivísticas, no âmbito do Curso de Arquivologia da Universidade Federal Fluminense. Sob a orientação da prof. Dra. Lúcia Velloso, pude conhecer novas metodologias ativas para a facilitação do processo ensino aprendizagem.

DC: Elas contribuíram em sua tese? De que forma?

TR: De certo modo sim, visto que as aulas tinham como temática as políticas públicas relativas à área da pesquisa.

DC: Agora que concluiu a tese, o que mais recomendaria a outros doutorandos e mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?

TR: Que tenham como premissa que os usuários de unidades de informação são sujeitos pluri-diversos com necessidades biopsicossociais distintas, o que sempre guiará o desenvolvimento de pesquisas, métodos e práticas díspares.

DC: Como acha que deve ser a relação orientador-orientando?

TR: A relação entre orientador e orientando é complexa e única, pois cada ator traz suas próprias experiências. A confiança, sinceridade, empatia e respeito devem sempre orientar essas relações. Sou grato por não ter enfrentado problemas nessa jornada e reconheço a importância das pessoas que me apoiaram.

DC: Sua tese gerou algum novo projeto de pesquisa? Quais suas perspectivas de estudo e pesquisa daqui em diante?

TR: Sim, espero poder colaborar com a ampliação dos estudos e práticas relacionadas à inclusão de pessoas com deficiência nos ambientes informacionais, desde a fase de planejamento ao uso dos documentos e recursos informacionais.

DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de doutorado?

TR: O Programa me proporcionou desenvolver um estudo com potencial transformador. Em retribuição, tenho colaborado na capacitação de profissionais e pesquisadores através de publicações, oficinas, palestras e outros produtos técnico-científicos.

DC: Você por você: 

TR: Um jovem sonhador do interior de Minas Gerais iniciou uma inspiradora jornada em defesa dos usuários de serviços públicos, especialmente de arquivos e bibliotecas. Um pesquisador criativo e audaz, disposto a se arriscar em busca de respostas que possam fazer a diferença. Apesar das limitações e dificuldades, se esforça constantemente para superar as barreiras em sua trajetória.

“Repito o gesto diariamente, buscando aqueles que nunca estiveram presentes, na esperança de promover um espaço digno e humano, onde todos possam sonhar livremente (Rangel, 2024)”


Entrevistado: Thayron Rodrigues Rangel

Entrevista concedida em: 03 setembro 2024 aos Editores

Formato de entrevista: Escrita 

Redação da Apresentação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro

Fotografia: Thayron Rodrigues Rangel

Diagramação: Ana Júlia Pereira de Souza

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