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v. 2, n. 11, nov. 2024
Da formação à pesquisa: uma jornada antirracista em Biblioteconomia e Ciência da Informação, por Erinaldo Dias Valério

Da formação à pesquisa: uma jornada antirracista em Biblioteconomia e Ciência da Informação, por Erinaldo Dias Valério

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Da formação à pesquisa: uma jornada antirracista em Biblioteconomia e Ciência da Informação

Erinaldo Dias Valério

erinaldo.dias@ufpe.br

Meu trabalho e minha pesquisa sobre relações étnico-raciais têm grande importância pessoal, profissional e acadêmica. Comecei a explorar esse tema em 2007, enquanto graduando em Biblioteconomia na Universidade Federal do Ceará (Campus Cariri), onde participei do Núcleo Brasileiro Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e Movimentos Sociais (N’BLAC), coordenado pela professora Dra. Joselina da Silva. Nele, estudei as relações raciais, focando nos aspectos históricos e culturais da população negra. Essa experiência foi essencial para construir uma visão mais ampla e consciente sobre o assunto e me ajudou a fortalecer minha identidade como homem negro. Além disso, me inspirou a defender uma educação antirracista e transformadora.Durante o tempo no grupo de pesquisa, participei de visitas a bibliotecas no Ceará para verificar se havia acervos que ajudassem a cumprir a Lei 10.639/2003, que exige o ensino da história africana e afro-brasileira nas escolas. Nessa experiência, ficou evidente o papel da pessoa bibliotecária como apoio fundamental para que esse conteúdo chegue às escolas, por meio das bibliotecas.

Entre 2010 e 2011, fui formador do projeto “A Cor da Cultura”, que oferecia capacitação a professores (as) da rede pública sobre História da África e Cultura Afro-brasileira, atendendo a Lei 10.639/2003. Esse projeto, com apoio de diversas instituições, entre elas a Fundação Roberto Marinho, me levou a Manaus, Amazonas, e a Juazeiro do Norte, Ceará, para formar professores (as), e foi um reforçador do meu desejo de atuar na Biblioteconomia com um olhar voltado para a transformação social.

Ao longo da minha formação, segui aprofundando o estudo das questões étnico-raciais. No mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pesquisei sobre o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e os movimentos sociais negros. No doutorado, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), foquei na produção e circulação de informações étnico-raciais para políticas públicas, tendo como estudo o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia.

Como docente, iniciei em 2014 na Universidade do Rio Grande do Norte, onde introduzi debates étnico-raciais nas aulas que ministrei. Sempre foi possível pautar uma educação antirracista, articulada aos temas específicos de cada disciplina. Em 2015, ao me tornar professor na Universidade Federal de Goiás (UFG), criei o grupo de estudos Alaye, reunindo pesquisadores (as) para articular ações e reflexões sobre informação antirracista. Em 2021, o Alaye organizou o primeiro seminário sobre informação antirracista na Biblioteconomia, reunindo bibliotecários (as) do Brasil para discutir o tema e pensar estratégias de escurecer a área com reflexões, ações e propostas antirracistas.

Hoje, no Departamento de Ciência da Informação da UFPE, continuo desenvolvendo pesquisas com o Alaye, incluindo estudos sobre competência em informação antirracista. Esses estudos têm mostrado resultados importantes que logo serão publicados em periódicos especializados e apresentados no Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB) em novembro de 2024.

Minha dedicação segue no sentido de incluir o debate sobre questões raciais na formação de estudantes de Biblioteconomia, Gestão e Ciência da Informação, tanto na graduação quanto na pós-graduação, com o propósito de contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.

Sobre o autor:

Erinaldo Dias Valério

Professor do Departamento de Ciência da Informação e do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco. Coordena o Alaye – grupo de estudos e pesquisas em informação antirracista e sujeitos informacionais e participa do Núcleo de Pesquisas em Gestão, Politicas e Tecnologias de Informação da Universidade Federal do Ceará.

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Pernambuco. Especialista em Língua Brasileira de Sinais – Libras pela Universidade Cândido Mendes. Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará. 


Redação e Foto: Erinaldo Dias Valério

Revisão e Diagramação: Alex Sandro Lourenço da Silva

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