
Ao Pé da letra P, por Sueli Bortolin

Ao Pé da letra P
Sueli Bortolin
bortolin@uel.br
Pedro pede percurso, perspectivas e preocupações profissionais para um periódico potente. Para propagar minhas palavras penso que seria perfeito com a participação dos meus palatos, mas não é essa a proposta de Pedro, então pego na pena, nos Ps e procuro produzir um português pueril, mas com palafitas profundas.
Portanto, povo da Ciência da Informação se prepare, pois peço passagem para proferir o meu percurso e sem presunção preciso me prender ao princípio quando, em 1978, procurava um curso na Universidade Estadual de Londrina e um parente propõe: – faça Biblioteconomia que será a profissão do futuro! Porém, outra pessoa polariza – péssima escolha é uma profissão do passado! Pronto, lá vem problema! Paro, penso, perscruto e persevero no meu propósito. – Quero e pronto! Providencio participação na prova e passo na UEL. Nessa passarela, passo a passo, me foi permitido provar projetos que provocariam posteriormente, propostas profissionais potentes. Já presumia a UEL como portal de possibilidades e foi. Pressentia positividade na Biblioteconomia e isso, foi progressivamente pujante.
Em 1981 me profissionalizei. No princípio um pouco perdida, mas predisposta parti para procurar provento. Sem nenhum percalço, antes do meu perfilamento, fui parar no Sesc em Londrina que foi meu porto seguro por 16 anos. Nesse período, numa perspectiva social, promovo projetos e parcerias em prol da população. Provei o que é a Biblioteconomia Social e a pus como proposta permanente na profissão.
Pratiquei ainda com prazer e primor, a Biblioteconomia Social ao trabalhar em livrarias, ongs, bibliotecas comunitárias. Como professora e com a mesma pulsação pronunciei aulas e palestras na e para UEL por 16 anos, lá propaguei pensamentos propícios à mediação e apropriação da informação para plateias e públicos plurais. Assim as permissões-de-invencionices produziram passeios técnicos, participação em feiras, rodas de conversas, encontro com autores e outras perturbações.
Pela minha não-pacatez pratiquei propostas em prol da profissão, por exemplo na: Associação Paranaense de Bibliotecários/Seccional Norte. Sendo uma pessoa com pó de mico na pele fui premiada com a pecha de Professora Maluquinha e permiti isso com muita prosápia!
Percebi que as pessoas precisavam de paciência com meu pensar provocador na prática profissional (Pensavam: precisamos parar essa pessoa! Eu pressagiava: Precisamos para essa paradeira nas bibliotecas!).
Pedro pede mais. Pense nas perspectivas para a CI, isso pede precaução, pois é um ponto precioso, principalmente se procuramos não petrificar o pensamento paralisante de que biblioteca possui só livro, arquivo e museu é só reunião de documentos. Ainda é um prélio ter que a pontuar a potência desses pontos de informação, pois os paradigmas perdem sua posição e prosseguem, mas na prática a perda está na postura de ressignificação da profissão e ela, a postura de ressignificação, precisa ser partejada na população.
Pondero que não adianta praguejar, assim como Sísifo é primordial levar a pedra até o pináculo, sim a tarefa é árdua, mas os profissionais (bibliotecários, arquivistas e museólogos) são protagonistas de suas profissões e precisam potencializá-las, em outras palavras mantê-las como profissão primacial.
No presente em que pululam tantas informações falsas a presença dos profissionais da informação é preponderante. Pesquisadores defendem a proeminência em preservar a integridade da informação e, apesar da polarização ou por causa dela, uma mesma informação tem propriedades polifacetadas; ademais os polos de informação na atualidade são criados de forma profusa.
Penso que por estar nesta profissão temos predicados e privilégios, pois fomos preparados para pesquisar fontes, prover informações para outras pessoas e prepará-las para pesquisa. Outro proveito é a possibilidade de partilha informacional que presenciamos ao presidir polos de informação onde podemos ensinar e aprender. Tudo isso pede, além de perspicácia, paixão pela profissão. Podemos pensar em parceria? Sim, em ambientes prósperos com a Pedagogia. Na UEL produzo uma parceria e realizo pesquisa com pessoas nessa perspectiva.
Pedro pede para pronunciar a preocupação que tenho na CI. Penso que é primordial a presteza de ações potentes dos profissionais da informação na peleja com a mediação de leitura. Por quê? Para que possamos propiciar às pessoas (grandes e pequenas) a possibilidade de se apropriar da informação desde o seu estado de protoinformação.¹
Nas minhas prosas com coletivos plurais percebo que os planos de leitura brasileiros, na prática, ainda são parcos e as provocações propensas à prosperidade informacional do povo também. Preciso proferir que a palavra prosperidade foi pega propositadamente como protesto pelo seu uso puerilizado e padronizado por instituições religiosas e mercado, que tomam posse dela, da palavra, apenas no aspecto pecuniário. Proponho uma pesquisa no Dicionário Básico Latino-Português no verbete prosperus onde foram postas também palavras como: “[…] feliz; favorável, propício.” (Busarello, 2005, p.218). Portanto, programar prosperidade informacional pode ser muito proveitoso, pois tende a propiciar, por exemplo, a posse da felicidade por meio da informação literária. Perdão não poderia deixar de me pronunciar em prol da poeticidade da Literatura!
Para parar minha proferição peço aos profissionais da informação tirarem proveito, com potência e perseverança, no pacto de puxar para cima os patamares quantitativo e qualitativo de pessoas-leitoras na Pátria Brasil. Porém, ponho em preponderância do poder da leitura crítica e consciente para produzir e propagar informações verdadeiras e eliminar a desinformação.
Notas da Autora:
[1] Almeida Júnior (2015, p.28) “[…] a informação não existe a priori e se constrói, em um processo, […] os equipamentos e os profissionais da informação trabalham com uma informação latente, uma ‘quase-informação’, uma ‘talvez informação’. O termo ‘protoinformação’ foi por mim gerado a partir desse entendimento.”
Referências:
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, Sueli; SANTOS NETO, João Arlindo dos; SILVA, Rovilson José da (Org.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, 2015. p.9-32.
BUSARELLO, Raulino. Dicionário básico Latino-Português. Florianópolis: UFSC, 2005.
Sobre a autora:
Professora do Departamento de Ciência da Informação e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Londrina. Líder do Grupo de Pesquisa “Interfaces: Informação e Conhecimento”.
Doutora e mestra em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina.
Redação: Sueli Bortolin
Foto: Folha de Londrina
Diagramação: Ana Júlia Souza