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v. 2, n. 10, out. 2024
Entrevista com Iuri Ianiski de Moura sobre sua pesquisa que analisou a representação dos arquivistas e arquivos no cinema

Entrevista com Iuri Ianiski de Moura sobre sua pesquisa que analisou a representação dos arquivistas e arquivos no cinema

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Entrevista com Iuri Ianiski de Moura sobre sua pesquisa que analisou a representação dos arquivistas e arquivos no cinema

Iuri Ianiski de Moura

iuri.moura@ufsc.br

Sobre o entrevistado

O recém mestre Iuri Ianiski de Moura defendeu, em 2023, sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina, sob orientação da Profa. Dra. Eliana Maria dos Santos Bahia Jacintho.

Natural do Rio Grande do Sul, Iuri é servidor público e trabalha como arquivista na Universidade Federal de Santa Catarina desde 2008. Além disso, atua como técnico-administrativo no Núcleo de Pesquisas e Estudos em Arquivos Contemporâneos, vinculado ao Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Santa Catarina. Seus hobbies incluem leitura, cinema, TV em geral: séries, realitys, jornalismo e futebol – sendo torcedor do Grêmio.

Sua dissertação, intitulada “Representação do profissional da informação: o arquivista e seu ambiente de trabalho no cinema”, identificou como são representados os arquivistas, incluindo suas atribuições, habilidades e competências, além dos arquivos em obras cinematográficas de ficção, caracterizando o arquivista como profissional da informação.

Convidamos Iuri para nos contar, nesta entrevista, como se deu o percurso de sua pesquisa e sua experiência ao fazer o mestrado.

Divulga-CI: O que te levou a fazer o mestrado e o que te inspirou na escolha do tema da dissertação?

Iuri Moura (IM): O mestrado foi uma necessidade de atualização profissional na área devido ao período de dez anos que eu havia completado do término de minha especialização em Gestão em Arquivos. Quanto ao tema, a inspiração veio da minha paixão por cinema, buscando unir aquilo que era um hobby com a minha profissão e a pesquisa acadêmica.

DC: Quem será o principal beneficiado dos resultados alçados?

IM: Ao utilizar os filmes como objeto de estudo, busquei fazer uma pesquisa que alcance a todo o público, não somente a academia. Acredito que consegui, mas vejo como principal beneficiada a comunidade arquivística: os professores (que podem utilizar o trabalho de forma didática em sala de aula) e os profissionais e futuros profissionais, ao identificarem seu trabalho sendo representado para a sociedade em geral de forma ficcional.

DC: Quais as principais contribuições que destacaria em sua dissertação para a ciência e a tecnologia e para a sociedade? 

IM: Para a ciência, a principal contribuição que eu destaco é a de provocar e estimular a visão crítica do cinema como instrumento de informação e formação na visão da sociedade de determinada área do saber ou profissão. Destaco também o conhecimento do conteúdo dos filmes discutidos, que podem assim serem trabalhados em sala de aula ou unidade de informação por meio da difusão, por exemplo. Quanto à sociedade, o cinema é uma das grandes fontes de entretenimento, disseminando cultura, comportamento, ideias…. Dessa forma, a pesquisa contribuiu na discussão sobre como a representação da profissão pode refletir e influenciar escolhas futuras (jovens buscando escolher uma profissão, ou profissionais identificando a necessidade de ter um profissional da informação em sua equipe ou empresa).

DC: Seu trabalho está inserido em que linha de pesquisa do Programa de Pós Graduação? Por quê?

IM: Na linha de pesquisa Informação, Comunicação Científica e Competência, porque está relacionado com o profissional da informação, a identificação e a representação de suas funções, atribuições e competências.

DC: Citaria algum trabalho ou ação decisiva para sua dissertação? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?

IM: Entre as ações, citaria a exibição de filmes em unidades de informação e instituições de ensino. Ao ver eventos como congressos, seminários e semanas acadêmicas fazendo uso de filmes em sua programação, acabei me influenciando. Foi decisivo para que eu optasse por utilizar os filmes como objeto de estudo. E um trabalho que foi uma grande fonte de inspiração e referência é o livro Arquivologia & cinema: um olhar arquivístico sobre narrativas fílmicas, das Professoras Cynthia Roncaglio e Miriam Manini, que traz uma abordagem, metodologia e recorte temporal diferente, mas que tem o cinema em comum com minha pesquisa.

DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?

IM: Acredito que o principal ponto para definição da metodologia foi buscar autores que utilizaram filmes como objetos de pesquisa, e o tratamento que foi utilizado por eles, para que assim as escolhas fossem tomadas buscando um caminho que atendesse ao objetivo do estudo. Os dados foram coletados em etapas e agrupados em cinco categorias, visando uma melhor apresentação.

DC: Quais foram as principais dificuldades no desenvolvimento e escrita da dissertação?

IM: Uma dificuldade que eu citaria é o recorte da pesquisa, que num primeiro momento estava muito grande e no início da coleta dos dados percebi que não seria praticável no tempo que tinha para realizar o mestrado. Eu já havia sido alertado sobre isso por minha orientadora, mas quis insistir. A minha dica é: sempre ouçam o orientador, hehe. Parece óbvio, eu sei, mas às vezes estamos tão empolgados com nossa pesquisa, e os orientadores têm uma experiência que a gente não tem, então não podemos esquecer disso. A etapa da qualificação foi fundamental para tirar todas as dúvidas e cessar as dificuldades que ainda existiam.

DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a dissertação? ? 

IM: 50% de inspiração e 50% de transpiração. Eu não me afastei do meu trabalho no período do mestrado, então foi conciliando a vida acadêmica com a profissional que consegui realizar a pesquisa.

DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da dissertação?

IM: Ingressei no mestrado no mesmo ano que teve início a pandemia, então num primeiro momento foi tudo muito confuso, ninguém tinha ideia de quanto tempo aquilo iria durar, quando voltaríamos à rotina normal, e isso acabou atrasando um pouco a caminhada. Mas acho importante ressaltar que em meio às dificuldades, nunca faltou a parceria e o apoio da orientadora, dos professores, dos colegas de pós, e também dos colegas de trabalho.

DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?

IM: Foi excelente e fundamental para o sucesso da caminhada. Na primeira metade da trajetória, em pleno início da pandemia, estava junto com meus pais, estudando e em trabalho remoto. E eles fizeram de tudo para colaborar, sou muito grato a eles. Já na reta final, contei com total apoio do meu namorado. Todo o sucesso compartilho com eles, que sempre estão do meu lado me dando apoio em tudo.

DC: Agora que concluiu a dissertação, o que mais recomendaria a outros mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?

IM: Leitura é a principal recomendação. E não precisa ser somente leitura acadêmica, da área de estudo. Eu leio de tudo, e tudo sempre me inspira. Um livro de ficção, um artigo acadêmico, uma biografia, um filme, um documentário, uma reportagem, peça de teatro… tudo pode ser inspiração e ponto de partida para um problema de pesquisa ou projeto de mestrado/doutorado.

DC: Como você avalia a sua produção científica durante o mestrado? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?

IM: Durante o mestrado publiquei dois artigos: Avaliação de documentos em instituições públicas de Ensino Superior de Florianópolis – SC: panorama de uma década e Perspectivas do profissional de arquivo sob o olhar das obras audiovisuais. Sendo que o segundo deles foi uma espécie de “protótipo” do que viria a ser minha pesquisa de mestrado, mas utilizando outros objetos de estudo. Mas o mais importante é que o resultado da pesquisa acabou virando livro. A Editora Appris, que já havia publicado livro da minha orientadora, mostrou interesse na pesquisa, e a dissertação foi adaptada, sendo publicado ano passado o livro “Luz, Câmera, Arquivos: o arquivista representado no cinema”.

DC: Desde a conclusão da dissertação, o que tem feito e o que pretende fazer em termos profissionais?

IM: Após a conclusão do mestrado trabalhei na adaptação da dissertação para a publicação no formato de livro. Como tive mais tempo, no livro acabei incluindo mais filmes, que não estão no resultado final da dissertação, o que foi muito legal. Depois de publicado, veio toda a etapa de divulgação, que me deixou bem contente com o retorno recebido. E continuo trabalhando na Universidade Federal de Santa Catarina, como arquivista.

DC: Pretende fazer doutorado? Será na mesma área do mestrado? 

IM: Pretendo sim, mas não nesse momento. Mais pra frente sim, quero dar continuidade, e se possível na mesma área do mestrado sim. Ainda tem muito o que se explorar.

DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?

IM: Minha pesquisa no princípio era muito ampla, então aprendi que deve se ter bastante atenção e cuidado com a delimitação do tema e recorte do universo a ser trabalhado. Mas tudo é aprendizado e faz parte. Mas o que mais me arrependo é de não ter ingressado antes no Mestrado. Era uma ideia que fui adiando com o passar dos anos, e hoje vejo como foi importante para minha evolução como profissional.

DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de mestrado?

IM: Eu estudei, pesquisei, publiquei, conheci colegas incríveis. E os professores que fazem parte do programa foram além do ensino e da orientação, dando todo o apoio necessário. Espero continuar contando com a parceria em projetos futuros.

DC: Você por você: 

IM: Arquivista que gosta de realizar pesquisas (premiado com o Prêmio Jovem Arquivista ainda na graduação) e tem orgulho da profissão. Grato por todas as oportunidades que a vida me dá, e por todo o apoio que recebo nas missões que aceito e participo. Privilegiado por ter nascido numa família maravilhosa que sempre me apoia e está do meu lado em tudo. Apaixonado pelo Arliss, Samuca e Soraya. Autor de “Luz, Câmera, Arquivos”. E de bom humor sempre, porque como aprendi com minha primeira chefe, Maria Candida: “De bom ou mau humor, o preço é o mesmo, então vamos de bom humor”!


Entrevistado: Iuri Ianiski de Moura

Entrevista concedida em: 06 setembro 2024 aos Editores

Formato de entrevista: Escrita 

Redação da Apresentação: Larissa Alves

Fotografia: Iuri Ianiski de Moura

Diagramação: Larissa Alves

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