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v. 2, n. 10, out. 2024
Entrevista com Adriana Figueiredo sobre sua pesquisa que investigou instituições culturais ligadas à literatura de cordel

Entrevista com Adriana Figueiredo sobre sua pesquisa que investigou instituições culturais ligadas à literatura de cordel

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Entrevista com Adriana Figueiredo sobre sua pesquisa que investigou instituições culturais ligadas à literatura de cordel

Adriana Mesquita Figueiredo

amesquitafigueiredo@gmail.com

Sobre a entrevistada

Em 2024, a recém mestre Adriana Mesquita Figueiredo defendeu sua dissertação pelo Programa de Pós-Graduação em Memória e Acervos da Fundação Casa de Rui Barbosa, sob orientação da Profa. Dra. Eula Dantas Taveira Cabral.

Natural do Rio de Janeiro, Adriana tem como hobbies ir à praia, viajar, ir ao cinema, ao teatro, ler, apreciar uma boa música e bons restaurantes. No âmbito profissional, atua como professora de língua inglesa no estado do Rio de Janeiro e se dedica à pesquisa. 

Sua dissertação, intitulada “Instituições ligadas à Literatura de Cordel: Cultura, Tradição e Educação em Lugares de Memória”, fixou como objetivo principal apresentar algumas instituições culturais ligadas à literatura de cordel, fazendo um mapeamento de 41 delas, espalhadas pelas cinco regiões do Brasil. Para isso, foi elaborado um guia de instituições ligadas à literatura de cordel, com a localização e um breve perfil de cada uma. Além de fazer esse levantamento, o estudo discorre também sobre a importância da literatura de cordel na formação da cultura brasileira, sua relação com a memória social, a relação entre a literatura de cordel e a educação, entre outros aspectos.  

Convidamos Adriana para nos relatar, nesta entrevista, sobre sua experiência no programa de mestrado e o desenvolvimento de sua pesquisa.

Divulga-CI: O que te levou a fazer o mestrado e o que te inspirou na escolha do tema da dissertação? 

Adriana Figueiredo (AF): Fui pesquisadora bolsista da Fundação Casa de Rui Barbosa. Durante esse tempo, atuei em grupos de pesquisa e uma delas consistiu no levantamento dos cordelistas cujos folhetos fazem parte da coleção de literatura de cordel da Fundação, uma das mais importantes da América Latina, com mais de 10 mil folhetos. Fizemos uma biografia de cerca de 200 autores. A partir dessa pesquisa, pude não só conhecer melhor a coleção, assim como descobrir algumas instituições ligadas à literatura de cordel, como a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, localizada no Rio de Janeiro. Assim como muita gente, eu não conhecia a ABLC e achei que a instituição merecia ter mais visibilidade entre pesquisadores e público em geral. Foi então que surgiu a ideia de fazer um levantamento dessas instituições, não só no Rio, mas no Brasil. Aproveitei esse projeto no mestrado. Uma das incentivadoras para que fizesse o mestrado foi a minha orientadora da bolsa, Dra. Ana Lígia Medeiros, uma das participantes da banca. A partir daí foi que nasceu a dissertação: Instituições ligadas à Literatura de Cordel: Cultura, Tradição e Educação em Lugares de Memória. 

DC: Quem será o principal beneficiado dos resultados alçados?

AF: Penso que as próprias instituições ligadas à literatura de cordel, bem como cordelistas, artistas, profissionais ligados à cultura, além do público em geral que, muitas vezes, não conhece essas instituições. A população também é grande beneficiada, pois muitas instituições fazem um trabalho primoroso para a manutenção e a propagação da literatura de cordel junto à comunidade em que atuam. 

DC: Quais as principais contribuições que destacaria em sua dissertação para a ciência e a tecnologia e para a sociedade? 

AF: O trabalho é uma contribuição para o fortalecimento da literatura de cordel no país e sua manutenção como patrimônio cultural imaterial. O guia visa ajudar os pesquisadores e ao público que aprecia literatura de cordel a encontrarem esses espaços e poderem usufruir das atividades e eventos que essas instituições realizam. 

DC: Seu trabalho está inserido em que linha de pesquisa do Programa de Pós Graduação? Por quê?

AF: Está inserido em Práticas críticas em acervos, difusão, acesso, uso e apropriação do patrimônio documental material e imaterial. É um trabalho que visa a divulgação das instituições ligadas à literatura de cordel, o trabalho realizado por elas, seus acervos, entre outros, em conformidade com a linha de pesquisa. 

DC: Citaria algum trabalho ou ação decisiva para sua dissertação? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?

AF:  Houve a pesquisa, realizada como bolsista da Fundação Casa de Rui Barbosa, tendo como objeto a elaboração de uma pequena biografia dos autores cordelistas cujos folhetos fazem parte da coleção da Fundação, hoje com mais de 10 mil exemplares. Por outro lado, enquanto atuei na Secretaria de Estado de Cultura, participei da criação do projeto para a elaboração de um mapa cultural do Estado do Rio de Janeiro, com vistas a apresentar todas as instituições ligadas à cultura no Estado. Creio que as duas iniciativas foram decisivas para a inspiração e para a concepção da dissertação. 

DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?

AF: Primeiro apresentei uma parte teórica sobre literatura de cordel, sua importância para a cultura, sua relação com a memória, a patrimonialização, o cânone literário etc. Posteriormente, o foco foi na parte prática, com a reunião de informações sobre as instituições ligadas à literatura de cordel e, em seguida, a elaboração do guia sobre as instituições. 

DC: Quais foram as principais dificuldades no desenvolvimento e escrita da dissertação?

AF: A principal dificuldade foi conseguir as informações sobre cada uma das instituições, visto que a maioria delas fica na Região Nordeste. Algumas não têm sites ou redes sociais com informações atualizadas. Então foi necessário procurar os números de telefone ou tentar falar por aplicativos de conversa com os representantes ou pessoas responsáveis pelos espaços. Essa foi a maior dificuldade. Mas, de qualquer forma, apesar de muitas vezes ter que tentar vários contatos até encontrar a pessoa certa, que pudesse passar as informações de que precisava, todos com quem consegui falar foram muito solícitos. Foi possível fazer amizade e até participar de um grupo de whatsapp com vários cordelistas. 

DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a dissertação? 

AF: Dando um chute aqui, penso que foram 40% de inspiração e o restante de transpiração. 

DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da dissertação?

AF: Acho que tudo transcorreu dentro do esperado. De uma maneira geral, foi muito gratificante realizar essa pesquisa, além de ser uma oportunidade de muito aprendizado. 

DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?

AF: Contei com o apoio e a compreensão de todos, o que foi imprescindível. 

DC: Agora que concluiu a dissertação, o que mais recomendaria a outros mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?

AF: Bem, o levantamento que fiz das instituições ligadas à literatura de cordel tem um ineditismo, por isso creio que pode funcionar como uma boa fonte de pesquisa para quem pretende fazer um estudo sobre literatura de cordel, sobretudo acerca de literatura de cordel no Brasil.  

DC: Como você avalia a sua produção científica durante o mestrado? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?

AF: Fiquei quatro anos como pesquisadora bolsista da Fundação Casa de Rui Barbosa, com atuação, principalmente, no Centro de Memória e Informação. Durante esse tempo, participei de várias pesquisas na área de Humanidades Digitais. Colaborei também na edição da revista semestral “Memória e Informação” como revisora. Escrevi alguns artigos sobre os cordelistas cujos folhetos compõem o acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, outro sobre conservação e preservação de folhetos, entre outros. Participei também do HDRio 2023 e do Confoa2023, além de participação em seminários. Esses espaços são fundamentais para a troca de experiência e atualização. Alguns trabalhos publicados foram: “Práticas de conservação preventiva e preservação aplicadas aos folhetos de cordel na Fundação Casa de Rui Barbosa” na revista Memória e Informação (2023); A FCRB e os poetas da literatura de cordel na Revista Científica Da UEM (2023); Literatura popular em verso: a experiência da Fundação Casa de Rui Barbosa com a difusão do seu raro acervo de cordéis em ambientes digitais na Revista Biblione (2022); e o capítulo: “Literatura popular em verso: a experiência da Fundação Casa de Rui Barbosa com a difusão do seu raro acervo de cordéis em ambientes digitais” junto ao e-book “Um novo olhar para Cultura, Comunicação e Informação” (2023), organizado pela Profa. Dra. Eula Dantas Taveira Cabral.

DC: Desde a conclusão da dissertação, o que tem feito e o que pretende fazer em termos profissionais?

AF: Primeiro fiz uma pausa para descansar um pouco. Agora estou começando as leituras para definir um projeto para tentar o doutorado. 

DC: Pretende fazer doutorado? Será na mesma área do mestrado?

AF: Sim. Dentro da área de Comunicação Social, envolvendo também cultura, literatura e educação. 

DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?

AF: Acho que agora saberia otimizar mais o tempo dividido entre leituras e pesquisa de campo. 

DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de mestrado?

AF: O PPGMA foi uma grande fonte de conhecimento e aprendizado. As aulas foram de alto nível e contribuíram bastante na realização da pesquisa. O que deixo para o programa é o trabalho de pesquisa propriamente dito, em especial o guia de instituições ligadas à literatura de cordel. Espero que ele também possa servir de base e de fonte de informação para novos alunos, principalmente para aqueles que pretendem pesquisar sobre literatura de cordel.

DC: Você por você:

AF: Bem, sou uma jornalista, professora, pesquisadora. Uma pessoa sempre pronta a encarar novos desafios e que gosta muito de estudar. Acredito que o conhecimento, seja ele em qualquer área, é o que nos permite ter uma vida mais digna, mais participativa, pois ele nos ajuda a pensarmos mais criticamente. Além disso, o conhecimento abre portas para novas chances de trabalho e também pode nos ajudar a transformar o ambiente em que vivemos.


Entrevistado: Adriana Mesquita Figueiredo

Entrevista concedida em: 25 ago. 2024 aos Editores.

Formato de entrevista: Escrita 

Redação da Apresentação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro

Fotografia: Adriana Mesquita Figueiredo

Diagramação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro

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