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v. 2, n. 10, out. 2024
Curadoria de Conteúdo para o enfrentamento da violência contra a mulher, por Andréa Carvalho e Geanny Mendonça

Curadoria de Conteúdo para o enfrentamento da violência contra a mulher, por Andréa Carvalho e Geanny Mendonça

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Curadoria de Conteúdo para o enfrentamento da violência contra a mulher

Andréa Carvalho | Geanny Mendonça

andrea.carvalho@ufrn.br | geanny.mendonca.701@ufrn.edu.br

A violência contra a mulher é um problema social complexo, que acompanha a história humana e ultrapassa limites de tempo e espaço. Essa violência se manifesta de diferentes formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral; e em diferentes espaços de interação social, seja doméstico e familiar, laboral, educacional, religioso ou nas ruas.

Contudo, embora seja um problema antigo e tão comum, falar em violência de gênero e, especificamente, falar em violência contra a mulher ainda é um tabu. A carência de informações sobre o tema gera obstáculos para compreender, sensibilizar e combater o problema.

O antigo ditado “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher” condicionou e condiciona as atitudes de omissão e de negligência diante do problema. A ideia de que a violência contra a mulher está circunscrita à esfera privada nega a realidade de que se trata de um problema social sustentado pelo patriarcado.

Andréa Carvalho é docente na Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Essa estrutura cria, alimenta e mantém a violência contra a mulher. Sendo uma narrativa compartilhada socialmente, o patriarcado, ao estabelecer a divisão entre homens e mulheres, atribui características e papeis específicos a cada gênero e defende a inferioridade da mulher em relação ao homem.

Assim, a violência contra a mulher se mostra como uma forma de exercer poder sobre o ‘elo frágil’ da relação. É importante pontuar também que a violência contra a mulher é permeada pelas interseccionalidades, ou seja, fatores como raça, gênero e condição socioeconômica fazem com que algumas mulheres estejam, potencialmente, mais sujeitas à violência do que outras.

Silenciamento e invisibilidade 

Percebe-se, então, que há razões sociais e culturais que favorecem a perpetuação, o silenciamento e a invisibilidade social do problema. Diante disso, uma importante dimensão que atravessa esse fenômeno se relaciona com a informação: há deficiências na produção de informações, fragmentação das informações existentes e limitações na divulgação de tais informações, conduzindo à invisibilidade social do problema e a sua perpetuação. 

Assim, considerando a natureza complexa da questão, o enfrentamento a violência contra a mulher precisa ser abordado com uma perspectiva multidimensional, que inclua, além de aspectos sanitários, legais, econômicos, educacionais e políticos, sua dimensão informacional. 

Isso significa dizer que para compreender, sensibilizar sobre e combater a violência contra a mulher é necessário produzir, gerenciar e disponibilizar informação de qualidade sobre o fenômeno.

Nesse contexto, se insere a curadoria de conteúdos – um processo voltado à identificação, seleção, agregação de valor e compartilhamento de informações digitais de qualidade. Tais informações podem contribuir para o enfrentamento desse problema.

Curadoria de conteúdo para o enfrentamento da violência contra a mulher

A pesquisa “Curadoria de conteúdo para o enfrentamento da violência contra a mulher” foi realizada com o intuito de investigar aspectos informacionais correlacionados ao fenômeno. 

Para atingir o objetivo geral da pesquisa – analisar fontes de informação digital que contribuam para o enfrentamento da violência contra a mulher com base no processo de curadoria –, o processo envolveu a realização das seguintes ações preliminares: a) buscar e selecionar fontes de informação digital que contribuam para o enfrentamento à violência contra a mulher; b) caracterizar as fontes de informação recuperadas com base em sua capacidade para conscientizar, prevenir ou combater a violência contra a mulher; e c) compartilhar digitalmente as fontes de informação analisadas.

Perfil @curadoriamulher no Instagram

Para alcançar tais objetivos foi criado o perfil @curadoriamulher no Instagram e nele foram compartilhados conteúdos de qualidade que contribuem na sensibilização, prevenção e combate à violência contra a mulher. 

Esses conteúdos foram – e ainda vêm sendo – produzidos mediante o processo de curadoria de conteúdo.

O projeto foi elaborado e orientado pela professora Dra. Andréa Vasconcelos Carvalho, do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e foi executado pela então graduanda em Biblioteconomia e bolsista de iniciação científica Geanny Beatriz da Cruz Mendonça. O processo de orientação se deu mediante reuniões de acompanhamento, avaliação das fontes de informação selecionadas e revisão das postagens antes de sua publicação no Instagram.

Inicialmente foi realizado o planejamento da atividade, estabelecendo o público-alvo, as necessidades informacionais a serem atendidas, os tipos de fontes de informação que seriam consultadas e a frequência das postagens. Em seguida, o processo foi executado mediante as etapas de busca, seleção, agregação de valor e compartilhamento de conteúdo. 

Assim, foi produzido conteúdo de qualidade a partir da análise de sites, apps, livros, cartilhas, perfis nas mídias sociais, documentários, filmes, entre outras fontes de informação relevantes sobre o tema. Por fim, as ações de avaliação das atividades e dos resultados obtidos concluem o processo de curadoria de conteúdo.

Cartilha Curadoria de conteúdo para o enfrentamento a violência contra a mulher
Post no @curadoriamulher no Instagram

Paralelamente ao desenvolvimento do projeto, Geanny desenvolveu seu trabalho de conclusão de curso na mesma temática, também sob orientação da professora Andréa, e ademais elaborou a cartilha informativa ‘Curadoria de conteúdo para o enfrentamento a violência contra a mulher’, disponível gratuitamente no perfil @curadoriamulher. 

Cabe esclarecer que a identidade visual do projeto, incluindo a logomarca e as cores, foi desenvolvida pela Assessoria de Comunicação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFRN. A partir disso e mediante o uso da plataforma de criação visual Canva ( https://www.canva.com/ ), Geanny fez a elaboração gráfica de cada post e da cartilha.

Agenda 2030, financiamento e perspectivas

A pesquisa, financiada pelo Programa de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) da UFRN, está em sintonia com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Quatro dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são contemplados: ODS 3 – Saúde e Bem-estar; ODS 4 – Educação de Qualidade; ODS 5 – Igualdade de Gênero; e ODS 10 – Redução das Desigualdades.

A investigação é parte do projeto de iniciação científica intitulado “A dimensão informacional do enfrentamento à violência contra a mulher: contribuições da curadoria de conteúdo”, que tem como objetivo geral analisar as contribuições da curadoria de conteúdo para o enfrentamento à violência contra a mulher. 

Existe também conexão com um projeto de pesquisa interinstitucional mais amplo denominado “Curadoria de dados e informações para o combate à violência em famílias e em comunidades” que reúne pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Santa Catarina e UFRN, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior mediante o Programa de Cooperação Acadêmica em Segurança Pública e Ciências Forenses (Capes/Procad-SPCF).

Logomarca do Programa de Cooperação Acadêmica em Segurança Pública e Ciências Forenses

Após um ano de pesquisa o projeto foi renovado e uma vez que a sistemática de trabalho já foi estabelecida e validada, agora se almeja aumentar a frequência das publicações mediante a realização de novas pesquisas para a ampliação do guia de fontes de informação adotado inicialmente. Objetiva-se também aumentar o alcance do perfil e aprofundar a avaliação dos resultados obtidos.

O enfrentamento a violência contra a mulher é uma construção social, com dimensões política, educacional, comunicacional e informacional. Assim, a realização desse projeto tem como pressuposto a ideia de que a Ciência da Informação, e concretamente a curadoria de conteúdo, pode contribuir significativamente nesse processo.

Acesse o Curadoria Mulher:

PROJETO Curadoria de Conteúdo para o enfrentamento da violência contra a mulher. Natal, 11 out. 2024. Instagram: @curadoriamulher .  Disponível em: https://www.instagram.com/curadoriamulher . Acesso em: 08 de julho de 2024.

Acesse a Cartilha em:

MENDONÇA, Geanny Beatriz da Cruz. Curadoria de conteúdo para o enfrentamento da violência contra a mulher. Cartilha. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024. Disponível em: https://media.wakelet.com/docs/VxARxkXE-CbM3EFsGtODs?sig=5c93fc3c7e8fbae01ec5f26d2504f148470ff505aace7e37e7fe9ade838ee20c. Acesso em: 07 out. 2024.

Sobre as autoras:

Andréa Carvalho 

Professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora junto ao Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Líder do grupo de pesquisa Tecnologia e Gestão da Informação e do Conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Pós-doutora em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília. Doutora em Sistemas de Información y Documentación pela Universidad de Zaragoza (Espanha). Mestra e Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba. Bacharela em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba. 

Geanny Mendonça

Bolsista de Iniciação científica na pesquisa “A dimensão informacional do enfrentamento à violência contra a mulher: contribuições da curadoria de conteúdo (2022-2024). Estagiária na Biblioteca Nísia Floresta Brasileira Augusta – Instituto Federal do Rio Grande do Norte / Parnamirim (2022-2024). 

Bacharela em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Indicada ao 8º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte na área de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes.


Redação e Fotografia: Andréa Carvalho e Geanny Mendonça

Diagramação: Jônatas Silva dos Santos

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