
Ferramenta para Avaliação de Repositórios Institucionais (FARI), por Arthur Campos

Ferramenta para Avaliação de Repositórios Institucionais (FARI)
Arthur Ferreira Campos
arthurfcampos94@gmail.com
As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) são responsáveis pela grande rede de acesso a conteúdos de informação, conectando pessoas e estreitando barreiras geográficas. À exemplo disso, temos os dispositivos tecnológicos que possuem acesso à internet, como smartphones (celulares), televisões inteligentes (com acesso a conteúdos de streaming como Netflix, PrimeVideo, AppleTV, entre outros), tablets, computadores, notebooks, entre outros.
Essa rede que engloba a web, as pessoas e os dispositivos, quando interconectada, favorece o compartilhamento de informações diversas favorecendo a construção de conhecimento por meio da facilidade de comunicação e, consequentemente, de aprendizado. O sociólogo Castells (2016) estuda esse fenômeno social no contexto da Sociedade em Rede, isto é, categoriza a sociedade dentro de uma rede de compartilhamento que atinge as formas como são visualizados os mercados (grandes e pequenas empresas em nível nacional e internacional), a economia, a comunicação, a moral e outros aspectos dentro de um contexto globalizado (Campos, 2024).
Em contrapartida, é necessário considerar também as pessoas que estão fora dessa rede devido a dificuldades de acesso por conta de questões econômicas ou sociais. Estar conectado numa rede (envolvendo web, pessoas e dispositivos) não é uma ação gratuita, na medida que, os custos relacionados ao plano de internet ou ao(s) dispositivo(s) para acesso não são baixos. Além disso, no âmbito da ciência, o acesso ao conhecimento científico também é custoso. Acessar determinada Base de Dados, periódico científico ou até mesmo para se ter acesso a um único artigo científico pode ter um custo considerável (muitas vezes, em dólar ou euro).
A comunicação e o compartilhamento são imprescindíveis para a inclusão social na Sociedade em Rede. Porém, dentre os problemas econômicos e sociais globais, os sujeitos que não dominam ou que não possuem acesso aos recursos tecnológicos teriam dificuldades para obterem seu espaço nessa rede (Campos, 2024). Para isso, o Movimento de Acesso Aberto pode ser uma alternativa voltada à inclusão social no contexto do acesso ao conhecimento científico publicado dentro dos parâmetros da Ciência Aberta (Open Science). Um exemplo de produto da Ciência Aberta são os periódicos científicos de acesso aberto, as bases de dados de acesso aberto, os repositórios digitais, entre outros.Na tese de doutorado de título “Contribuições teóricas e práticas da arquitetura da Informação para a gestão e avaliação de repositórios institucionais”, os Repositórios Institucionais (RI’s) são um dos produtos da Ciência Aberta e disponibilizam livremente o conteúdo científico realizado por pessoas vinculadas a uma determinada instituição, como uma universidade. A tese foi orientada pelo professor Doutor Marckson Roberto Ferreira de Sousa e defendida em março de 2024 no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba.

Nesse estudo, os parâmetros dimensionais da Arquitetura da Informação (AI) são considerados para englobar o contexto, o conteúdo e os usuários de Repositórios Institucionais para a melhoria desses ambientes informacionais. O contexto representa os objetivos, a política, a cultura organizacional (comportamentos das pessoas dentro de uma organização), as tecnologias necessárias, os recursos e as limitações da instituição; o conteúdo representa o que é produzido, utilizado, armazenado e disponibilizado pela instituição; e os usuários relacionam-se com o comportamento de busca e o mapeamento para a percepção das necessidades de informação das pessoas que acessam o ambiente (Rosenfeld; Morville; Arango, 2015).
A Arquitetura da Informação compreende “[…] o projeto, o desenho, a estruturação, o estabelecimento de necessidades, de termos para busca, tomadas de decisão que compreendem facilitar o encontro de informação por sujeitos e, ainda tornando a informação compreensível” (Campos, 2024, p. 73). Sendo os RI’s ambientes informacionais, a AI é utilizada como uma disciplina favorável à melhoria que vai além da interface, isto é, além do que o usuário pode visualizar.Para isso, a Ferramenta para avaliação de repositórios institucionais (FARI) foi criada com o intuito de auxiliar os gestores de Repositórios Institucionais a estruturarem a Arquitetura da Informação desses ambientes de forma que contemple o contexto, o conteúdo e os usuários. A partir das diretrizes norteadoras para a gestão de RI’s, com enfoque na AI (Campos, 2024), a FARI funciona com base em nortear possíveis tomadas de decisão para o Comitê Gestor do RI, para a Política de Informação e para as dimensões contexto, conteúdo e usuários.

Na interface, a FARI, produto da tese de Campos (2024), conta com uma breve introdução cujo intuito é situar o gestor sobre as finalidades da ferramenta e com um questionário de avaliação composto por 26 perguntas dentro de quatro eixos (perfil geral do RI e as três dimensões da AI). Para cada questão só existe uma opção de resposta e apenas duas questões não possuem resposta obrigatória. Com base nas diretrizes de Campos (2024), a FARI indica caminhos possíveis para o gestor melhorar o seu RI dependendo da resposta que for assinalada em cada questão. Ao final, a FARI gera uma pontuação e comentários para cada opção marcada, podendo-se gerar um documento em formato pdf para guardar os resultados obtidos ou, caso for desejado, recomeçar o questionário de avaliação novamente. A pontuação indica o quão relacionado com as dimensões contexto, conteúdo e usuários o determinado RI avaliado está e os comentários são baseados nas diretrizes. Além disso, as diretrizes são apresentadas na íntegra no próprio site da FARI.
O intuito foi criar uma ferramenta intuitiva que respondesse a questionamentos gerais, com base em diretrizes norteadoras construídas a partir da análise feita por Campos (2024). Portanto, o uso da FARI contribui para motivar os gestores de RI a incluírem as dimensões, contexto, conteúdo e usuários da Arquitetura da Informação na Política de Informação dos RI’s. E, como mencionado, diante do resultado gerado o gestor terá acesso a uma possibilidade de recomendações para adequar seu RI com os subsídios das diretrizes norteadoras para a gestão.
Conheça a Ferramenta para avaliação de repositórios institucionais (FARI) :
CAMPOS, Arthur Ferreira. Ferramenta para avaliação de repositórios institucionais (FARI). 2023. Disponível em: https://questionario-mu.vercel.app/sobre . Acesso em: 09 out. 2024.
Referências:
CAMPOS, Arthur Ferreira. Contribuições teóricas e práticas da arquitetura da Informação para a gestão e avaliação de repositórios institucionais. 2024. 146 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, 2024. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/31584. Acesso em: 18 set. 2024.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede. 17. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2016.
ROSENFELD, Louis; MORVILLE, Peter; ARANGO, Jorge. Information Architecture for web and beyond. [S.l.], O’Reilly Media, Inc., 2015.
Sobre o autor:
Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Tecnologias Digitais e Inovação na Educação pela Universidade Cruzeiro do Sul. Especialista em Catalogação pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó. Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Redação e Fotos: Arthur Ferreira Campos.
Revisão e Diagramação: Larissa Alves e Alex Sandro Lourenço da Silva.