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v. 1, n. 1, mar. 2023
Onde e como estão sendo preservadas as páginas da web?

Onde e como estão sendo preservadas as páginas da web?

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Pesquisadora da Universidade Federal Fluminense analisa a preservação do patrimônio digital e alerta para o desaparecimento de informações

A pesquisa feita pela bibliotecária Gabriela Ayres Terrada “Preservação digital na web: uma reflexão sobre políticas e práticas” analisa onde, e como, as instituições de guarda da memória das páginas web, estão preservando os patrimônios digitais.   Desmontando a impressão de solidez no ambiente virtual, a pesquisadora faz um alerta para o desaparecimento de informações importantes em websites. 

A Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, vinculado ao Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, investigou instituições que fazem parte do International Internet Preservation Consortium – IIPC, que é uma organização internacional de bibliotecas e outras organizações estabelecidas para coordenar esforços para preservar o conteúdo da Internet para o futuro.

Em menos de duas décadas o ambiente virtual  cresceu e se tornou um meio de informação global, instrumento de comunicação e registro de vida no atual século. A internet e a interface web permitem a criação de vários instrumentos de comunicação síncronos, assíncronos ou multidirecionais. Esses instrumentos intensificam a produção de conteúdos, que precisam ser reunidos e armazenados de forma eficiente e dinâmica. 

O conteúdo específico de uma página pode desaparecer ainda mais frequentemente, particularmente em páginas de redes sociais. Em alguns casos, o conteúdo pode ser inacessível, arquivado ou relocalizado quando os sites são redesenhados. Os websites podem simplesmente desaparecer por links quebrados, resultando em erros 404 de página não encontrada.

Uma pesquisa apresentada na dissertação aponta que 80% de páginas web não estão  disponíveis, e foram perdidas por não terem sido armazenadas.  Além disso, o número de artigos acadêmicos indisponíveis gira em torno de 13% após 27 meses. Nas redes sociais, por exemplo, no Twitter, perdem 11% no período de um ano.

Os autores  citados na pesquisa salientam a importância de iniciativas de preservação, visando o risco de perda de informações e do contexto histórico, para que seja assegurada a acessibilidade das páginas web para as gerações futuras

A sociedade faz uso massivo de celulares e computadores, marcando presença diária nas redes sociais, comprando e vendendo por meio de sites de negócios, locomovendo-se por aplicativos de transporte e consumindo informações por meio de websites.

As páginas web são compreendidas como recurso acessível, e com base na Carta sobre a Preservação do Patrimônio Digital da Unesco, manifesta a necessidade de estabelecer políticas, estratégias e ações que garantam a preservação de longo prazo e o acesso contínuo aos documentos arquivísticos digitais.

Gabriela examinou políticas, ações e critérios de preservação digital, utilizados pelas instituições ibero-americanas do IIPC na perspectiva institucional, e identificou  problemas e barreiras na preservação das páginas web. No Brasil, não existe nenhuma instituição realizando o trabalho de preservação de páginas web, apenas pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo de Pesquisa em Arquivamento da Web e Preservação Digital (Nuaweb), criado em 2017, e pelo Grupo de Pesquisa Dríade  Rede Cariniana Subgrupo Arquivamento da Web, originado em 2020.

A autora ressalta: “Considerando que a web é, atualmente, o principal meio de comunicação na sociedade, se as organizações de memória e patrimônio continuarem a subestimar a importância de preservá-la em longo prazo como fonte de informação, pesquisa e prova, melhor dizendo, como parte do patrimônio digital preconizado pela carta da Unesco e não criarem mecanismos de acesso, para uso e reuso desses objetos digitais complexos, as instituições de guarda da memória correm o risco de se tornarem irrelevantes no futuro e ainda contribuírem para o apagamento da memória nacional”.

As instituições de memória, como bibliotecas e arquivos, devem refletir e reagir, como a Unesco bem colocou, liderando esse movimento de preservação do patrimônio digital, pois, ainda que o desafio seja imenso, a web é um objeto complexo e faz  parte do patrimônio nacional.

Toda a revolução tecnológica trouxe bônus e ônus, visto que a ação de preservar passou do suporte em papel para um documento digital; portanto, com contextos de produções diversos, o ofício de preservar em meio digital é repleto de complexidade. 

A exploração dos conteúdos arquivados requer uma compreensão da dinâmica da web pelos pesquisadores, usuários, profissionais, ou seja, pela sociedade que fará uso de tais conteúdos, capacitando-os também para que estes sejam úteis a todos. 

Acesse a dissertação em:
TERRADA, Gabriela Ayres Ferreira. Preservação digital da Web: uma reflexão sobre políticas e práticas. 2022. 214 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/handle/1/26276 . Acesso em: 1 fev. 2022.


Redação: Marcos Miranda
Revisão: Pedro Ivo Silveira Andretta
Diagramação: Pedro Ivo Silveira Andretta

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