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v. 3, n. 7, jul. 2025
Bibliotecas Comunitárias Catarinense e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Bibliotecas Comunitárias Catarinense e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

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Bibliotecas Comunitárias Catarinense e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Estudo da Universidade Federal de Santa Catarina observa ações das Bibliotecas Comunitárias  em prol da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas

Em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu-se em Nova York com os 193 membros que a compõem para a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (DS) e estabeleceu os novos objetivos e metas para erradicar a pobreza e pensar em formas de assegurar um futuro sustentável para todos no planeta. Diante disso, a pesquisadora Danielle Pinho da Silva, em sua dissertação intitulada “Ações das bibliotecas comunitárias catarinenses em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030”, apresentou um estudo sobre as bibliotecas comunitárias catarinenses, refletindo sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, e foram selecionadas bibliotecas comunitárias nas dez cidades com maior e menor IDH – Índice de Desenvolvimento Humano do estado de Santa Catarina. Esse recorte pode tanto associar quanto aproximar os ODS desses espaços, uma vez que as bibliotecas comunitárias, criadas e mantidas pela sociedade civil, possuem significativo impacto nas comunidades em que estão inseridas, nascendo, em sua maioria, em regiões periféricas inseridas em contextos de vulnerabilidade social, envolvendo diversos problemas estruturais — características que reforçam as desigualdades e a exclusão informacional, digital e social.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável / Fonte: Nações Unidas

“A escolha do tema está relacionada ao que sinaliza a nova diretoria da FEBAB (2020), gestão 2020-2023, ‘Bibliotecas por um mundo melhor’, uma vez que a biblioteca comunitária costuma surgir do anseio da comunidade em proporcionar uma vida melhor para os seus semelhantes. Entre suas finalidades, há o acolhimento da população e a colaboração para o desenvolvimento das pessoas, seja por meio do acesso ao livro, à leitura ou das demais ações e atividades culturais desenvolvidas nesses espaços”, aponta Danielle.

O estudo indica que, a partir desse encontro e da implementação da Agenda 2030, houve um movimento de compromisso com a efetivação dos ODS nas bibliotecas, por parte dos órgãos que representam as bibliotecas e dos profissionais da área, como a International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) e a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB), devido ao alinhamento com o campo da Ciência da Informação (CI), especialmente a Biblioteconomia, que busca a democratização da informação. Reconhece-se, assim, que as bibliotecas apresentam potencial para o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos pelas Nações Unidas, por se tratarem de espaços que possibilitam a execução de programas e estratégias que beneficiam seus usuários.

“Comumente, os líderes que atuam nas bibliotecas comunitárias desenvolvem ações junto aos frequentadores e moradores das comunidades nas quais se inserem, fortalecendo a interação e o vínculo entre as pessoas e o ambiente, promovendo atividades e práticas solidárias que impactam de forma positiva a vida dos cidadãos, unidos pelo trabalho coletivo”, observa a autora.

Ao considerar a questão ambiental, a pesquisa observa que a maioria das bibliotecas estudadas menciona ações relacionadas à sustentabilidade, como o uso de sacolas sustentáveis feitas a partir de materiais reciclados (banners de lona), a redução de desperdícios e a preferência por canecas como alternativa aos copos descartáveis. Assim, constatou-se o alinhamento ao “ODS 12 – Consumo e Produção Sustentáveis”, que visa à redução do desperdício e à promoção do uso consciente dos recursos.

Bibliotecas Comunitárias que participaram da pesquisa / Fonte: Silva (2023, p. 49)

O estudo aponta que esses espaços também contemplam a dimensão social, realizando ações como clubes do livro, oficinas literárias, contação de histórias e atividades de leitura, atuando na promoção da educação e da inclusão social. Esses objetivos estão previstos nos “ODS 4 – Educação de Qualidade” e “ODS 10 – Redução das Desigualdades”, que procuram, respectivamente, garantir a igualdade de acesso à educação de qualidade e atender comunidades vulneráveis, como pessoas em situação de rua, crianças e jovens de bairros carentes.

Do ponto de vista econômico, a autora observa que há alinhamento com o “ODS 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico”, estimulando a busca por fontes de renda inseridas como parte das atividades. Deste modo, algumas bibliotecas mencionam apoio financeiro proveniente de fontes públicas e/ou privadas, como parcerias e doações, o que contribui para sua estabilidade financeira e se relaciona à dimensão econômica da sustentabilidade.

“É relevante salientar que cidades altamente desenvolvidas e densamente povoadas frequentemente enfrentam desafios significativos em termos de desigualdade social. Essas disparidades, quando acentuadas, podem resultar em diversos problemas sociais, como a concentração de pessoas de baixa renda em bairros periféricos, aumento da violência, tráfico de drogas, exploração do trabalho, fome e desemprego, entre outros. Nesse contexto, a implementação de bibliotecas comunitárias emerge como uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade de vida, reduzir a evasão escolar, combater a violência e facilitar o acesso à informação”, pondera o estudo.

Nesse ponto, Danielle Silva observa a disparidade existente na distribuição de bibliotecas comunitárias entre as cidades mais e menos desenvolvidas, conforme o IDH. Em alguns casos, a concentração desses espaços encontra-se em cidades mais desenvolvidas, enquanto, em cidades menos desenvolvidas, essa infraestrutura pode ser insuficiente, o que influencia diretamente sua criação e manutenção.

A pesquisadora salienta a importância das bibliotecas comunitárias para a promoção da educação, inclusão social, consumo responsável e conservação ambiental, apoiando-se nos objetivos estipulados pelos ODS, concentrando-se nas dimensões ambiental e social — responsabilidades que, muitas vezes, deveriam ser assumidas pela biblioteca pública. Além disso, a pesquisadora elabora, a partir do estudo realizado, as formas como as bibliotecas podem promover os ODS da Agenda 2030.

Com as ações e projetos promovidos pelas bibliotecas comunitárias, que permitem o acesso à informação e, consequentemente, à dignidade social – ajustando-se, assim, aos objetivos dos ODS -, aponta para a abertura de um amplo caminho no estudo desses ambientes, compreendendo seu impacto nas comunidades locais e o compromisso da informação e dos profissionais da área com temas relacionados à sustentabilidade e à consciência ambiental. Por fim, a dissertação reafirma a necessidade urgente de apoio financeiro para a manutenção das bibliotecas comunitárias, de modo a assegurar sua continuidade como fonte de acolhimento e esperança, contribuindo significativamente para a transformação da vida de crianças, jovens e adultos.

Como as bibliotecas podem promover os ODS da Agenda 2030 / Fonte: Adaptado de Silva (2023, p. 72-74)

Acesse a dissertação em:

SILVA, Danielle Pinho da. Ações das bibliotecas comunitárias catarinenses em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. 2023. 105 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/254894 . Acesso em 12 de julho de 2025. 


Redação: Tania Rangel e Pedro Ivo Silveira Andretta

Revisão: Marcos Leandro Freitas Hubner

Diagramação: Naiara Raíssa da Silva Passos

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