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v. 3, n. 6, jun. 2025
A usabilidade do ambiente informacional digital do Museu da Diversidade Sexual – Entrevista com Italo Teixeira Chaves

A usabilidade do ambiente informacional digital do Museu da Diversidade Sexual – Entrevista com Italo Teixeira Chaves

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A usabilidade do ambiente informacional digital do Museu da Diversidade Sexual – Entrevista com Italo Teixeira Chaves

Sobre a entrevistada

Em 2024, Italo Teixeira Chaves defendeu sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, sob orientação da Profa. Dra. Izabel França de Lima.

Ítalo atualmente é doutorando em Ciência da Informação na Universidade Federal da Paraíba. Entre hobbies são assistir séries de todos os gêneros e filmes de terror e suspense.

Sua dissertação, intitulada “avaliação heurística de usabilidade em museus virtuais: uma análise do museu da diversidade sexual”, avaliou a usabilidade do site do Museu da Diversidade Sexual. Sua pesquisa fixou como objetivo analisar o ambiente informacional digital do museu, verificando sua eficácia, eficiência e satisfação. Os resultados apontaram que, apesar de atender de forma geral aos critérios de usabilidade, o site apresenta limitações, como a ausência de ferramenta de busca, impactando negativamente a experiência dos usuários. Por fim, o trabalho concluiu que museus virtuais, como este, são espaços fundamentais para a preservação da memória LGBTQIAPN+ e que avaliações periódicas de usabilidade são essenciais para aprimorar a acessibilidade e a experiência do usuário.

Nesta entrevista, Ítalo compartilha sua experiência e aprendizados do seu mestrado.

Divulga-CI: O que te levou a fazer o mestrado e o que te inspirou na escolha do tema da dissertação?

Italo Teixeira (IT): Já tinha interesse na atividade de pesquisa desde a graduação, onde pude ter experiência com um projeto envolvendo museus virtuais e bibliotecas digitais. Daí surgiu o interesse para o tema de monografia e, posteriormente, da dissertação, que, com ajuda da orientadora, chegamos ao estudo de usabilidade.

DC: Quem será o principal beneficiado dos resultados alçados?

IT: Quando melhoramos as possibilidades envolvendo o uso de um site, todos são beneficiados. Ao direcionar esta melhoria para um museu virtual, o benefício vai para toda pessoa que quer ter acesso à cultura e a um museu e, por diversas razões que seja, não pode ir presencialmente, agora consegue ter uma facilidade online. 

DC: Quais as principais contribuições que destacaria em sua dissertação para a ciência e a tecnologia e para a sociedade? 

IT: No âmbito da Ciência e Tecnologia, acredito que uma boa contribuição se refere à junção de dois modelos de avaliação de usabilidade, para auxiliar na avaliação de museus virtuais. Com o instrumento desenvolvido, é possível que interessados na temática avaliem outros sites de museus, e com isso, melhore esses espaços de cultura na web. 

E a contribuição à sociedade também caminha nesse sentido, pois se existe um site de uso facilitado e compreensível para a grande maioria dos usuários, então significa que haverá melhores chances de se conhecer o patrimônio cultural daquele museu.  

DC: Seu trabalho está inserido em que linha de pesquisa do Programa de Pós Graduação? Por quê?

IT: O trabalho está inserido na linha Memória, Mediação e Apropriação da Informação, e conta com discussões sobre informação, patrimônio e museus, que são aderentes a esta linha. Foca questões desde espaços físicos envolvendo os museus até a migração para os espaços virtuais, compreendendo tanto potencialidades quanto desafios para esse campo. 

DC: Citaria algum trabalho ou ação decisiva para sua dissertação? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?

IT: Para temáticas envolvendo museus e patrimônio, gosto dos trabalhos desenvolvidos pela professora Luciana Ferreira da Costa, Monique Batista Magaldi e Lidia Eugenia Cavalcante. No tocante a usabilidade, o principal seria, sem dúvidas, Jakob Nielsen, além de Daniel Mordecki, Carin Cunha Rocha e Fernando Vechiato.

  • CAVALCANTE, Lídia Eugenia. Os percursos da memória: a exposição virtual cartes postales du Québec Dantan como fonte de informação histórica. Informação & Sociedade: Estudos. João Pessoa, v.17, n.3, p.99-105, set./dez. 2007. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/976 . Acesso em: 16 ago. 2023. 
  • CAVALCANTE, Lídia Eugenia. A construção do patrimônio digital: dimensões da política cultural para preservação e acesso. In.: IV Seminário Serviços de Informação em Museus: informação digital como patrimônio cultural. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2017. p. 37-46.
  • CHAVES, Italo Teixeira; CAVALCANTE, Lídia Eugenia. Educação patrimonial, bibliotecas e museus virtuais na escola. Biblionline, João Pessoa, v. 16, p. 44-54, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/biblio/article/view/53105 . Acesso em: 16 ago. 2023. 
  • COSTA, Luciana Ferreira da. Museologia no brasil, século XXI: atores, instituições, produção científica e estratégias. 2017. Tese (Doutorado em História e Filosofia da Ciência Especialidade Museologia), Instituto De Investigação E Formação Avançada, Évora, Portugal, 2017 Disponível em:https://core.ac.uk/download/pdf/147568936.pdf . Acesso em: 26 dez. 2023. 
  • COSTA, Luciana Ferreira da. Estudos de usuários e estudos de público em museus: perspectivas para análise de interação e experiência virtual dos usuários e públicos. In: BRITTO, Clovis Carvalho (Org.). Os museus e o campo da informação: processos museais, Museologia e Ciência da Informação. São Paulo: Abecin Editora, 2023. 374 p. Disponível em: https://portal.abecin.org.br/editora/article/view/303 . Acesso em: 05 jan. 2024.
  • MAGALDI, Monique Batista. Cibermuseologia e o virtual: definições e tipologias de museus. In: BRITTO, Clovis Carvalho. Os museus e o campo da informação : processos museais, Museologia e Ciência da Informação. São Paulo: Abecin Editora, 2023. p. 173-207. Disponível em: https://portal.abecin.org.br/editora/article/view/303 . Acesso em: 16 ago. 2023. 
  • MORDECKI, Daniel. Miro y entiendo: Guía práctica de usabilidad web. Biblioteca Concreta: Espanha, 2012.
  • NIELSEN, Jakob. Usability Engineering. New York: Academic Press, 1993.
  • NIELSEN, Jakob. 10 Usability Heuristics for User Interface Design. California: Nielsen Norman Group, 2020. Disponível em: https://www.nngroup.com/articles/ten-usability-heuristics/ . Acesso em: 30 kan. 2024.
  • ROCHA, Carin Cunha. Avaliação da Arquitetura da Informação do Portal de Periódicos da Universidade Federal do Maranhão. 2020. 144 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Departamento de Ciência da Informação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2020. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/65004 . Acesso em: 15 ago. 2023. 
  • VECHIATO, Fernando L. Repositório digital como ambiente de inclusão digital e social para usuários idosos. 2010. 183 f.Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010.Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/CienciadaInformacao/Dissertacoes/vechiato_fl_me_mar.pdf . Acesso em: 27 dez. 2023.

DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?

IT: O primeiro passo foi definir qual museu virtual seria avaliado. Existem diferentes tipos de sites, cada um com recursos diferentes do outro, assim, entender o local que você vai avaliar a usabilidade é o primeiro passo. Após isso, definir quais métodos de avaliação serão utilizados e o público que irá avaliar o site. É válido frisar que todas as pessoas podem ser avaliadoras da usabilidade e compartilharem sua experiência sobre possibilidades de melhorias, contudo, para esta pesquisa, definiu-se que especialistas avaliassem o ambiente. 

Após essa definição, ocorre o desenvolvimento, adaptação ou replicação do instrumento de avaliação com o público avaliador e, posterior a isso, a etapa de análise para verificar os pontos positivos, bem como os pontos que necessitam de algum ajuste ou melhoria. 

DC: Quais foram as principais dificuldades no desenvolvimento e escrita da dissertação?

IT: Compreender o limite da pesquisa é sempre um desafio. Há uma sensação constante de “posso fazer mais” somado a “não fiz o suficiente”, que estimula o processo de escrita, então saber a hora de parar é necessário, embora um potencial problema. 

DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a dissertação? 

IT: Houve desafios iniciais, como mudar de cidade para cursar um mestrado longe de amigos e família, conhecendo tudo novo em outro lugar, a quilômetros de casa.  E, falando da pesquisa em si, a etapa de coleta de dados foi um desafio, pois, ao se tratar de uma pesquisa aplicada, precisava esperar (e torcer) para os respondentes participarem. Contudo, houveram também muitos momentos de inspiração, fazendo novos amigos e construindo a pesquisa passo por passo, até chegar a apresentação da versão final.

DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da dissertação?

IT: Às vezes a relação construída com a pessoa que nos orienta pode não ir conforme as nossas expectativas, e esse pode ser um fator desgastante no processo de pesquisa. Contudo, acho válido destacar que ter um ciclo de confiança (acadêmico ou não), para ouvir desabafos, para momentos de descontração e até mesmo para dar uma opinião na pesquisa são fundamentais. É muito bom estar na pós-graduação, mas essa é apenas uma das facetas da nossa vida, então sempre priorizei não deixar minha vida pessoal de lado, e por fazer isso, conseguia ter fôlego para os momentos de escrita.

DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?

IT: De Muito apoio! Fui o primeiro da família a ter aprovação em um mestrado, era algo novo para todos, inclusive para mim, ainda mais indo para outro estado. Em toda a organização da viagem para João Pessoa tive a presença deles, e quando estava longe, recebia constantemente mensagens para saber sobre como eu estava e se os estudos estavam no caminho certo. Mesmo sem serem formados, meus pais sempre acreditaram na educação e me incentivaram em cada etapa da minha formação.  

DC: Agora que concluiu a dissertação, o que mais recomendaria a outros mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?

IT: Considero-me muito honrado de pensar que alguém usaria meu trabalho como ponto de partida, mas uma sugestão seria compreender os aspectos metodológicos para definir a melhor forma de replicação, seja em um museu ou em outro espaço. E, para além dessas questões práticas, que se empenhem no desenvolvimento de um processo de pesquisa que seja prazeroso e envolvente.

DC: Como você avalia a sua produção científica durante o mestrado ? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?

IT: Durante o mestrado minha produção esteve tanto relacionada ao que eu estava desenvolvendo sobre minha dissertação quanto outros temas de pesquisa que eu tinha interesse. Além disso, nos dois anos de curso tive a possibilidade de participar (e ser premiado) no ENANCIB. Destaco alguns estudos que sinto muito orgulho de ter produzido:  

  • CHAVES, Italo Teixeira; CAVALCANTE, Lídia. Biblioteca Escolar e o desenvolvimento de literacias. Revista Conhecimento em Ação, v. 9, p. e65789, 2024. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/rca/article/view/65789 . Acesso em: 30 abr. 2025. 
  • CHAVES, Italo Teixeira Biblioterapia e mediação da informação. Revista ACB, Florianópolis, v. 28, n. 4, p. 1–18, 2024. Disponível em: https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/2140 . Acesso em: 30 abr. 2025.
  • CHAVES, Italo Teixeira; CAVALCANTE, Lídia. Percepções docentes sobre museus virtuais no âmbito da mediação da informação e da aprendizagem. Palabra Clave (La Plata), v. 12, n. 2, p. e190, 2023. DOI: https://doi.org/10.24215/18539912e190
  • CHAVES, Italo Teixeira; PINHO NETO, Júlio Afonso Sá; LIMA, Izabel França. Virtualização de museus no contexto da Ciência da Informação no Brasil. Temática, João Pessoa, v. 19, n. 4, p. p.118-134, 2023. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8931.2023v19n4.66136 .
  • CHAVES, Italo Teixeira. et al. Mediação da informação patrimonial em museus virtuais: potencialidades da plataforma era virtual. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação,, v. 16, n. 3, p. 592–609, 2023. DOI: https://doi.org/10.26512/rici.v16.n3.2023.45499

Além desses artigos, já foram publicados dois artigos referentes aos resultados da dissertação, e um terceiro foi aceito e se encontra em processo editorial na revista Informação e Informação. Os artigos publicados podem ser conferidos a seguir:

DC: Desde a conclusão da dissertação, o que tem feito e o que pretende fazer em termos profissionais?

IT: Enquanto estava finalizando a dissertação, participei da seleção de doutorado em Ciência da Informação e fui aprovado. Atualmente estou iniciando o meu segundo ano e sigo pesquisando museus virtuais. Quanto aos planos profissionais, estes estão voltados para a vida acadêmica e o futuro ingresso na docência após o fim do doutorado. Sigo nos estudos para me aperfeiçoar como pesquisador e professor.   

DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?

IT: Para as pessoas que pensam em fazer qualquer pesquisa com seres humanos, tentem começar o processo de submissão ao comitê de ética o quanto antes, essa é uma etapa burocrática e bem demorada, que causa desgaste e pode atrapalhar muito o cronograma estabelecido. Outra coisa é: nunca dispense o tempo de descanso! Pesquisar é ótimo, mas para fazer uma investigação precisamos estar com à cabecinha no lugar, e para isso, é requerido um descanso adequado. No mais, ter sempre atenção aos prazos e às obrigações regimentais.   

DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de mestrado?

IT: Sempre houve muito compromisso do programa em esclarecer os discentes, novos e antigos, sobre obrigações, demandas, atividades e afins. Tanto por meio de reuniões quanto por respostas via e-mail, sempre estive informado sobre o que era necessário para o curso do mestrado sem contratempos. Em contrapartida, busquei ser um bom aluno, apresentando a dissertação no prazo, participando de eventos da área e publicando artigos, imagens e modalidades artísticas.

DC: Você por você:

IT: Dedicação e disciplina. Essas duas palavras me definem não só como pesquisador, mas como pessoa. Busco ser uma pessoa dedicada na realização das minhas atividades dando o melhor de mim e, com isso, seguindo com disciplina o que preciso cumprir. Ter disciplina me possibilita ter uma vida acadêmica que me oferece satisfação com o que tenho feito, e possibilita também me auxiliar em momentos de desconexão para aproveitar outras partes da vida não acadêmica. 


Entrevistada: Italo Teixeira Chaves

Entrevista concedida em:  30 de abril de 2025

Formato de entrevista: Escrita 

Redação da Apresentação: Ana Júlia Souza e Iasmim Farias Silva

Fotografia: Italo Teixeira Chaves

Diagramação: Ana Júlia Souza e Iasmim Farias Silva

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