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v. 2, n. 7, jul. 2024
Edição atualizada da ISBD consolidada, agora em português brasileiro, por Fernando Modesto e Marcos Hübner

Edição atualizada da ISBD consolidada, agora em português brasileiro, por Fernando Modesto e Marcos Hübner

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Edição atualizada da ISBD consolidada, agora em português brasileiro

José Fernando Modesto da Silva | Marcos Leandro Freitas Hubner

fmodesto@usp.br | marcos.hubner@unirio.br

Disponível para a comunidade bibliotecária brasileira, a tradução da Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada (ISBD): atualização 2021 da Edição Consolidada 2011. A norma pode ser obtida, gratuitamente, no repositório da IFLA (Federação Internacional de Associações de Bibliotecas e Instituições). 

A ISBD é uma importante norma de promoção do controle bibliográfico universal. Contribui para que os dados bibliográficos dos recursos publicados pelos países estejam disponíveis de forma universalizada e em padrão aceito internacionalmente. Assim, ela oferece um suporte de coerência e homogeneidade aos registros catalográficos, para a cooperação e o intercâmbio bibliográfico. 

Sua origem remonta ao ano de 1969, quando o “Comitê sobre Catalogação” da IFLA realizou a Reunião Internacional de Especialista em Catalogação, na cidade de Copenhague, capital da Dinamarca. Neste evento, Michael Gorman apresenta a proposta para criação de uma norma que regulasse a forma e o conteúdo das descrições bibliográficas, resultando no conceito da ISBD.

O primeiro documento normativo foi a ISBD para Publicações Monográficas (ISBD(M)), em 1971. Ao longo da década de 1970, seguiram os documentos por tipos específicos de materiais: a ISBD para Seriados (ISBD(S)); a ISBD(CM) para materiais cartográficos; a ISBD(NBM) para materiais não-livros; a ISBD(A) para publicações monográficas mais antigas (antiquário); e a ISBD(PM) para música impressa, em 1980.

Em 1975, o Joint Steering Committee for Revision of the Anglo-American Cataloguing Rules propôs ao Comitê de Catalogação da IFLA, o desenvolvimento de uma ISBD geral, para todos os materiais de biblioteca. A ISBD(G), publicada em 1977, foi o resultado da ISBD(M), então revisada e alinhada com a ISBD(G). Esta edição do alinhamento foi publicada em 1978 e, posteriormente, assimilado pelo Código de Catalogação Anglo-Americano, Segunda Edição (AACR2). Ressalte-se que a ISBD em seu início foi adotada por várias bibliografias nacionais e, com traduções do inglês para diversos idiomas, influenciou muitas agências de catalogação na reformulação de suas regras ou políticas de catalogação descritiva.

Durante o Congresso Mundial da IFLA, em 1977, na cidade de Bruxelas (Bélgica), o Comitê de Catalogação da IFLA deliberou que os textos da ISBD teriam uma vigência de cinco anos, após os quais seriam revistos. Na ocasião, constitui o “Comitê de Revisão das ISBDs”, com os trabalhos iniciados em 1981. Foram revisadas na seguinte ordem: ISBD(M), ISBD(CM) e ISBD(NBM) em 1987; ISBD(S) em 1988; ISBD(CF) para arquivos de computador em 1990; ISBD(A) e ISBD(PM) em 1991; e ISBD(G) em 1992. Ao final da década de 1980 e início de 1990, o projeto de revisão havia sido concluído. A partir de então, ISBD(CF) tornou-se ISBD(ER) para recursos eletrônicos, publicado em 1997. No fim da década de 1990, há uma mudança de direção, a IFLA trabalha no estudo de uma ISBD concisa, com a finalidade de estabelecer dados bibliográficos mínimos para os registros redigidos pelas agências bibliográficas. Entretanto, o procedimento foi paralisado à espera do relatório final do Grupo de Estudo dos FRBR (Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos). Considera-se que as várias e sucessivas revisões das ISBDs e as consequentes alterações dos códigos de catalogação sinalizavam para as rápidas mudanças catalográficas, e a percepção de que tais mudanças transcorriam mais depressa do que o processo de normatização bibliográfica.

Em 2011, é publicada a primeira edição da ISBD consolidada. Inclui-se a área 0 no começo da descrição, tanto a forma ou formas na qual se expressa o conteúdo do recurso, como o tipo de mídia utilizada. Em relação ao primeiro elemento, da forma de conteúdo (imagem, música, texto, etc.), pode-se detalhar um ou mais qualificadores que especifique o tipo de conteúdo (cartográfico, anotado, executado), o movimento (movimento, fixo), a dimensão (duas dimensões, três dimensões), os sentidos (visual, tátil, etc.). Quanto ao tipo de mídia, os termos são extraídos de uma lista controlada (áudio, eletrônico, microforma, etc.). É recomendado fornecer os qualificadores sempre que conteúdo se apresentar em diferentes formas e, ainda, se o recurso não requerer nenhum tipo de mediação, há que indicar o termo: sem mediação.

Os desenvolvimentos realizados nesta atualização, ampliaram a cobertura da ISBD para um maior leque de recursos, o que otimizou a sua capacidade de descrição granular, trazendo mais organização e refinamentos, além de maior harmonização na descrição dos recursos. Acréscimos também foram feitos devido a adição de novos tipos de recursos com especificações sobre como descrevê-los. Dentre estes estão: recursos não publicados de qualquer tipo com foco nos manuscritos; recursos cartográficos tornando mais explícitas as especificações para a cartografia celeste; introdução de novos elementos nas áreas e no glossário; inclusão de exemplos para apoiar a implementação.

Capa da “ISBD Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada”, recém traduzida para o português

A ISBD também é um padrão que permite a descrição de partes de componentes. São conteúdos bibliográficos publicados com ou como parte de um recurso hospedeiro, e dependem deste hospedeiro para fins de identificação ou acesso bibliográfico (por exemplo: capítulos de livros, artigos de seriados, faixas de gravações de som, etc.)

Apesar das mudanças introduzidas pelos projetos de revisão descritos, a estrutura e os componentes de dados da ISBD se mostraram estáveis ao longo dos anos e continuam sendo amplamente utilizados, total ou parcialmente, pelos criadores de códigos de catalogação e esquemas de metadados. No entanto, dada a natureza mutável dos recursos informacionais e os recentes desenvolvimentos tecnológicos que impactam o acesso bibliográfico, o Grupo de Revisão da ISBD optou pela manutenção da edição consolidada da ISBD, em substituição das ISBDs individuais. Desta forma, a comunidade bibliotecária tem uma alternativa de atualização de seus processos catalográficos, preservando um legado bibliográfico e, ao mesmo tempo, o ajustando às atuais mudanças preconizadas pelos novos princípios da catalogação. A citada tradução da ISBD consolidada é significativo suporte que favorece as bibliotecas do Brasil, neste cenário global de transformação e mudanças bibliográficas.

Livro disponível em:

IFLA. ISBD Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada: atualização 2021 da Edição Consolidada 2011. Tradução de Fernando Modesto e Marcos Hübner. IFLA: Haia, 2024. Disponível em: https://repository.ifla.org/handle/123456789/3373 . Acesso em 02 de jun. 2024.

Sobre os autores

José Fernando Modesto da Silva

Professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. 

Pós-Doutorado pela Universidade Carlos III de Madrid, Espanha. Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo. Mestre em Ciência da Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Bacharel em Biblioteconomia e Documentação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 

Marcos Leandro Freitas Hübner

Professor da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Professor do Programa de Pós-Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo. Mestre em Educação pela Universidade de Caxias do Sul. Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Redação: José Fernando Modesto da Silva e Marcos Leandro Freitas Hubner

Fotos: Wikimedia Commons

Diagramação: Pedro Ivo Silveira Andretta

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