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v. 2, n. 10, out. 2024
Pesquisadora da UFMG analisa construção de identidade em Arquivo Público de Belo Horizonte

Pesquisadora da UFMG analisa construção de identidade em Arquivo Público de Belo Horizonte

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Pesquisadora da UFMG analisa construção de identidade em Arquivo Público de Belo Horizonte

Estudo verifica a utilização de técnicas comunicacionais para compreender a identidade institucional do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte

Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) analisou a construção da identidade institucional do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH) como um espaço de preservação da memória urbana. O período estudado abrange os trinta primeiros anos da instituição, de 1991 a 2021.

A metodologia envolveu o estudo de caso da história do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, combinado com revisão bibliográfica e análise de conteúdo das ações de difusão. Além disso, foram realizadas pesquisas documentais nos arquivos internos da instituição e na Associação Cultural do APCBH, juntamente com a análise de materiais externos para compreender sua identidade institucional.

A pesquisa investigou a comunicação do APCBH com o público, analisando como aspectos como marca, memória institucional e difusão arquivística moldam sua identidade”, explica Daniele Silva, egressa do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Ciência da Informação da UFMG e autora do estudo.

Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Foto: Ricardo Laf/PBH

O APCBH, fundado em 1991, tem como objetivo modernizar a gestão documental municipal e preservar acervos do legislativo e coleções especiais. Reconhecido como guardião da memória da cidade, destaca-se por suas atividades de difusão. A análise de sua trajetória destaca a importância de alinhar as ações institucionais à sua essência, especialmente em momentos desafiadores, ressaltando a relevância de estudar a imagem institucional em contextos administrativos complexos.

As instituições arquivísticas, historicamente voltadas para preservar a memória do Estado, enfrentaram mudanças significativas no Brasil após os anos 1980, com a busca por transparência e acesso à informação. Isso levou à promulgação da Lei de Arquivos em 1991. Nesse contexto, o APCBH começou a ser desenvolvido para atender às novas demandas sociais e políticas.

Diante dos dados da pesquisa documental, definiu-se que a análise seria apoiada em quatro pilares de desenvolvimento: a posição do APCBH na política de memória e patrimônio cultural de Belo Horizonte; a criação da Associação Cultural do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte; o Arquivo e a memória da cidade; e estratégias de comunicação para a identidade institucional do Arquivo. 

A difusão arquivística tem o papel de comunicar e promover a instituição e seus acervos, estabelecendo conexão com a sociedade através de atividades como exposições, palestras e produção de instrumentos de pesquisa.  Essas ações, juntamente com as educativas, que usam os documentos como ferramentas de ensino, possibilitam que o arquivo se apresenta à sociedade e atenda às necessidades de seus diversos tipos de usuários.

Flyer 9º aniversário do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Foto: Silva (2023, p. 106)

“É crucial que as instituições planejem suas ações de forma estratégica para transmitir a imagem desejada ao público e que mantenham uma conduta consistente ao longo do tempo para que a percepção do público sobre sua identidade institucional seja positiva”, ressalta Daniele.

Durante o trabalho no APCBH, foi realizada uma pesquisa documental abrangendo os diferentes arquivos. Os protocolos sanitários foram ajustados devido à pandemia de Covid-19 para a consulta ao acervo. A coleta de dados ocorreu entre setembro e dezembro de 2021, analisando documentos do APCBH, o Sistema de Monitoramento e Avaliação de Programas e Projetos (SMAPP) e a página do Arquivo no Issuu. A análise de conteúdo identificou padrões nas ações de difusão e permitiu compreender a evolução da identidade institucional do APCBH ao longo do tempo.

Além da análise de conteúdo, foram aplicadas teorias de comunicação, especialmente sobre posicionamento de marca e construção de imagem, para compreender a formação da identidade do APCBH. Essas técnicas foram cruciais para relacionar as ações ao longo da história da instituição com os conceitos teóricos, a fim de compreender o discurso adotado pelo órgão ao longo de sua trajetória.

Primeira logo do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Foto: Silva (2023, p. 126)

“A motivação para esta pesquisa surgiu do interesse em explorar a interseção entre comunicação e arquivologia como uma abordagem interdisciplinar para compreender o problema de pesquisa proposto”, afirmou a autora.

Primeira logo do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Silva (2023, p. 126)

O APCBH foi fundado após a promulgação da Constituição de 1988 e da Lei brasileira de Arquivos em 1991, acompanhando as mudanças na estrutura administrativa de Belo Horizonte. Investiu em treinamento, enfrentou desafios com documentos antigos e expurgos, e mapeou a estrutura administrativa da cidade.

Belo Horizonte, como cidade planejada, facilita a pesquisa histórica, mas limita as narrativas exploradas. Os desafios enfrentados comprometem a capacidade do Arquivo de cumprir sua missão, tornando-o guardião da memória da cidade. Apesar dos esforços em desenvolvimento estratégico, como a organização da 1ª Conferência Municipal de Arquivos, é crucial manter a credibilidade da instituição diante da prefeitura e da sociedade.

A pesquisa destacou a integração entre arquivologia e comunicação, revelando novas perspectivas. Ao revisitar desafios enfrentados pelos arquivos brasileiros, evidencia-se que problemas institucionais muitas vezes extrapolam o ambiente interno, incluindo questões burocráticas, administrativas e sociais. Essa interdisciplinaridade sugere a necessidade de repensar abordagens e objetivos institucionais para enfrentar tais desafios.

A revisão bibliográfica evidenciou que a realidade dos arquivos no Brasil está distante do ideal proposto pelas teorias arquivísticas. No entanto, isso não deve impedir os profissionais de arquivos de agir dentro de suas possibilidades, buscando gradualmente transformar essa realidade.

A aplicação das teorias arquivísticas no dia a dia dos arquivos é crucial, começando pela elaboração de políticas arquivísticas. Essas políticas servem como guia para definir metas e atividades, garantindo um padrão de operação que protege a instituição de interferências externas, como mudanças de gestão.

A comunicação desempenha um papel importante no planejamento arquivístico, especialmente ao aplicar estratégias de marketing. Essas estratégias proporcionam um profundo conhecimento da instituição, facilitando o desenvolvimento de estudos institucionais e ampliando os objetivos alcançáveis, simplificando o planejamento e permitindo avanços em novas direções e metas mais ambiciosas.

Acesse a dissertação em:

SILVA, Daniele. A construção da identidade institucional do arquivo público da cidade de Belo Horizonte: 1991-2021. Dissertação (Mestrado em  Ciência da Informação) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/50506 . Acesso em: 12 de fevereiro de 2024.


Redação: Vanessa Forte

Revisão: Pedro Ivo Silveira Andretta

Diagramação: Naiara Raissa da Silva Passos

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