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v. 3, n. 8, ago. 2025
Rede Moara: infraestrutura aberta para compartilhamento de códigos-fonte na pesquisa científica brasileira, por Bernando Vechi, Rebeca Moura e Milton Shintaku

Rede Moara: infraestrutura aberta para compartilhamento de códigos-fonte na pesquisa científica brasileira, por Bernando Vechi, Rebeca Moura e Milton Shintaku

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Rede Moara: infraestrutura aberta para compartilhamento de códigos-fonte na pesquisa científica brasileira

Bernardo Dionízio Vechi
Rebeca dos Santos de Moura
Milton Shintaku
bernardovechi@ibict.br | rebecamoura@ibict.br | shintaku@ibict.br

Introdução

A ausência de um ambiente público nacional dedicado ao compartilhamento de códigos-fonte tem limitado a visibilidade e a reutilização de tecnologias produzidas por pesquisas no Brasil. A Rede Moara1 surge como resposta a essa lacuna, promovendo um sistema de informação voltado ao depósito, documentação e circulação de softwares livres desenvolvidos no âmbito científico.

Desenvolvida no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), a Rede Moara integra-se às políticas públicas de apoio à Ciência Aberta, oferecendo uma infraestrutura tecnológica composta por ferramentas colaborativas. Seu nome, derivado do Tupi, significa “aquele que ajuda no nascimento”, que, assim, simboliza o papel da plataforma na difusão de tecnologias abertas, encorajando a criação e o compartilhamento coletivo.

Estrutura da Rede Moara

A arquitetura da Rede Moara foi concebida para assegurar interoperabilidade, transparência e participação colaborativa. O ecossistema é sustentado por softwares livres amplamente reconhecidos, articulados em um ambiente integrado que compreende:

  • GitLab: ambiente principal para o gerenciamento e depósito dos códigos-fonte, com suporte a controle de versão, documentação e colaboração entre desenvolvedores.
  • Portal WordPress: site agregador com páginas dedicadas a cada software hospedado, organizadas conforme a taxonomia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), facilitando a navegação e a indexação dos conteúdos.
  • Fórum (Discourse): espaço de interação entre pesquisadores, desenvolvedores e usuários, promovendo a troca de experiências e o suporte mútuo.
  • Wiki Ibict: canal colaborativo para documentação técnica, orientações de uso e registros de atualizações, permitindo acesso aberto ao conhecimento produzido.
  • Portal de Documentação Técnica: repositório de publicações científicas e relatórios institucionais relacionados aos softwares hospedados.
Logomarca da Rede Moara

Além desses elementos, a Rede estabelece conexões com outras iniciativas do Ibict, como a Rede Cariniana, rede brasileira de suporte à preservação digital, e o BrCris, acrônimo para Current Research Information System, base para integração e prospecção de dados, e articula-se com agências de fomento e unidades de pesquisa, reforçando seu caráter estratégico.

Concepção jurídica e metodológica

O desenvolvimento da Rede Moara envolveu a análise de diferentes marcos legais, incluindo as Lei de Direitos Autorais, Lei de Software, Lei de Acesso à Informação e o uso da Licença Pública Geral GNU (GPL 3.0) como base para as diretrizes de compartilhamento. A plataforma busca equilibrar a proteção da autoria com os princípios da livre circulação do conhecimento, oferecendo suporte normativo à disponibilização dos códigos.

Rebeca Moura é fundadora da Rede Moara, desenvolvedora Web e atua junto ao Ibict

Esse processo demandou o estabelecimento de políticas institucionais específicas, como as relacionadas à titularidade, formas de licenciamento, documentação mínima exigida e critérios de curadoria técnica. Tais medidas visam garantir a qualidade da informação disponibilizada e fomentar práticas responsáveis de desenvolvimento e compartilhamento.

Impactos esperados

A atuação da Rede Moara se alinha à agenda nacional de Ciência Aberta, com impactos relevantes em múltiplas dimensões:

  • Reutilização e replicabilidade: ao facilitar o acesso ao código-fonte, promove a validação independente de métodos científicos e incentiva a replicação de resultados;
  • Eficiência e economia de recursos: evita a duplicação de esforços ao permitir que tecnologias já desenvolvidas sejam adaptadas a novos contextos;
  • Democratização do acesso à tecnologia: amplia as possibilidades de uso e apropriação das soluções produzidas em pesquisa;
  • Fortalecimento da soberania tecnológica: reduz a dependência de softwares proprietários estrangeiros e valoriza a produção nacional;
  • Estímulo à colaboração interdisciplinar: propicia o surgimento de redes de cooperação entre pesquisadores, desenvolvedores e instituições públicas.

Considerações finais

A Rede Moara constitui um sistema de informação voltado ao compartilhamento de códigos-fonte no contexto da pesquisa científica, estruturado com base em ferramentas livres e integradas. Sua proposta supera o modelo de repositórios tradicionais ao incorporar mecanismos que favorecem a interação, a documentação e a organização das tecnologias desenvolvidas no âmbito da CT&I.

O público-alvo da Rede é composto por pesquisadores, programadores, bolsistas, analistas de sistemas, técnicos e estudantes que atuam no desenvolvimento ou na aplicação de soluções computacionais voltadas à pesquisa. Em geral, esse grupo enfrenta obstáculos para divulgar os códigos gerados em projetos científicos, seja pela ausência de canais apropriados, seja pela falta de diretrizes claras sobre licenciamento e documentação. A Rede Moara busca suprir essa demanda, ao disponibilizar uma estrutura acessível para registro, descrição e circulação de softwares científicos de forma articulada com os princípios da Ciência Aberta.

Milton Shintaku é fundador da Rede Moara e coordena a Cotec/Ibict

O funcionamento da Rede requer o envolvimento de instituições públicas e agências de fomento, especialmente no reconhecimento do depósito de códigos como uma etapa relevante da comunicação científica. A integração da Rede Moara às políticas institucionais pode ampliar a visibilidade das tecnologias desenvolvidas com financiamento público e incentivar práticas colaborativas entre diferentes atores da comunidade de pesquisa.

Nesse sentido, a Rede Moara atua como um componente da infraestrutura pública voltada à abertura dos resultados científicos, oferecendo suporte técnico e normativo à disseminação de códigos-fonte produzidos no Brasil. Ao favorecer a circulação de tecnologias abertas, contribui para ampliar o acesso a soluções existentes, estimular o desenvolvimento coletivo e fortalecer a produção científica nacional.

Notas dos editores:

[1] Perfil no Instagram: 

Rede Moara – IBICT. Brasília, 08 ago. 2025. Instagram: @redemoara.ibict . Disponível em: https://www.instagram.com/
redemoara.ibict/
. Acesso em: 08 de julho de 2025.


Redação e Fotografia: Bernardo Dionízio Vechi, Rebeca dos Santos de Moura e Milton Shintaku

Diagramação e Revisão: Alex Sandro Lourenço da Silva

Sobre os autores:

Bernardo Dionízio Vechi

Pesquisador no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade de Brasília.

Rebeca dos Santos de Moura

Desenvolvedora Web e Assistente de Pesquisa no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.

Mestre em Engenharia de Sistemas Eletrônicos e de Automação e Bacharela em Engenharia da Computação pela Universidade de Brasília.

Milton Shintaku

Coordenador de Tecnologia para Informação (Cotec) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Professor junto ao Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação da Universidade Federal do Paraná.

Doutor e mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília. Graduado em Ciências e Habilitação em Matemática pelo Centro Universitário de Brasília.

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