Entrevista com Eurides Nogueira sobre sua pesquisa que investigou a contribuição dos pesquisadores mais citados nos últimos 50 anos na revista Ciência da Informação
Entrevista com Eurides Nogueira sobre sua pesquisa que investigou a contribuição dos pesquisadores mais citados nos últimos 50 anos na revista Ciência da Informação
Eurides Costa Tavares Nogueira
eurides_tavares@yahoo.com.br
Sobre a entrevistada
Em 2023, a bibliotecária Eurides Costa Tavares Nogueira defendeu sua tese de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, sob orientação da Profa. Dra. Ely Francina Tannuri de Oliveira.
Aos 39 anos e natural de Teresina, Piauí, Eurides tem como hobby a prática de atividade física. Atualmente, é bibliotecária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus Codó.
Em sua tese, intitulada “50 anos de ciência da informação no Brasil: trajetória e consolidação, a partir do periódico Ciência da Informação”, investigou a contribuição dos pesquisadores mais citados nos últimos 50 anos na revista Ciência da Informação e teve como objetivo analisar quais autores se fizeram presentes, as correntes teóricas existentes, além de como se constitui e se consolida a Ciência da Informação no Brasil.
A pesquisadora procurou responder à seguinte questão: qual é o conjunto de cientistas que ajudou a moldar o caminho percorrido pela CI no país ao longo dos últimos 50 anos?
Convidamos Eurides para nos contar, nesta entrevista, como se deu o desenvolvimento de sua pesquisa e sua experiência no programa de doutorado.
Divulga-CI: O que te levou a fazer o doutorado e o que te inspirou na escolha do tema da tese?
Eurides Nogueira (EN): Qualificação e crescimento profissional, a escolha do tema foi inspirado nos 50 anos da informação no Brasil e a importância do seu desenvolvimento para a área.
DC: Em qual momento de seu tempo no doutorado você teve certeza que tinha uma “tese” e que chegaria aos resultados e conclusões alcançados?
EN: No último ano, quando tinha os resultados das análises.
DC: Citaria algum trabalho (artigo, dissertação, tese) ou ação decisiva para sua tese? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?
EN: O The Coupler, uma ferramenta online útil para gerar Redes de Acoplamento Bibliográfico, Frequências de Acoplamento, Unidades de Acoplamento, Matriz de Citação e Matriz de Acoplamento, adotando para a normalização dos resultados, o cosseno de Salton e o índice de Jaccard. Essa ferramenta agilizou as análises e me proporcionou tempo suficiente para desenvolver os resultados.
DC: Por que sua tese é um trabalho de doutorado, o que você aponta como ineditismo?
EN: Adota como metodologia a observação das variações de acoplamento, especificamente o Acoplamento Bibliográfico de Autor, identificando os autores mais citados e utilizando o Acoplamento Bibliográfico de Período para reunir os autores mais citados ao longo de dez períodos de cinco anos, permitindo identificar tanto os pesquisadores transeuntes como os permanentes e transgeracionais. Apresenta, ainda, uma percepção mais aprofundada das temáticas abordadas pela Ciência da Informação, bem como o desenvolvimento de suas principais correntes teóricas no Brasil.
DC: Em que sua tese pode ser útil à sociedade?
EN: Pode ser útil para a compreensão do desenvolvimento da CI no Brasil.
DC: Quais são as contribuições de sua tese? Por quê?
EN: Contribui com a descoberta de vários aspectos da CI, apesar de seu foco atualmente se voltar para a dimensão social, a CI ainda preserva um vínculo estreito com a Teoria Matemática, a Documentação, as Técnicas Bibliométricas e os Estudos Métricos de Informação.
DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a tese?
EN: O volume dos dados obtidos gerou a dificuldade de definir a melhor metodologia a ser adotada para conseguir uma análise precisa e ágil.
DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da tese?
EN: É uma caminhada solitária, isso causa um certo desespero, mas ao longo do caminho você vai testando metodologias e acaba por descobrir uma que seja ideal.
DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?
EN: O relacionamento foi complicado, fiquei distante a maior parte do tempo e isso causou um certo desconforto pela ausência.
DC: Qual foi a maior dificuldade de sua tese? Por quê?
EN: Encontrar a metodologia adequada, pois dependendo do objetivo proposto a metodologia é parte fundamental para o sucesso.
DC: Que temas de mestrado citaria como pesquisas futuras possíveis sobre sua tese?
EN: Comparar a evolução da CI em outros países em relação ao Brasil no período dos 50 anos.
DC: Quais suas pretensões profissionais agora que você se doutorou?
EN: Iniciar no meio acadêmico.
DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?
EN: Teria definido melhor os objetivos específicos e a metodologia.
DC: Como você avalia a sua produção científica durante o doutorado (projetos, artigos, trabalhos em eventos, participação em laboratórios e grupos de pesquisa)? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?
EN: Foi uma produção satisfatória, inclui artigos em periódicos, eventos específicos da área e todos têm sua devida importância.
DC: Agora que concluiu a tese, o que mais recomendaria a outros doutorandos e mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?
EN: Observar a evolução conceitual, teórica e epistemológica da CI para comparações futuras.
DC: Como acha que deve ser a relação orientador-orientando?
EN: Deve ser próxima, amistosa e afetuosa.
DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de doutorado?
EN: Recebi apoio financeiro para participação em eventos e também para publicações em periódicos. Como devolutiva ao programa, as minhas publicações geraram pontos positivos.
DC: Você por você:
EN: O caminho acadêmico sempre foi um sonho, no entanto não tinha noção que a trajetória seria dolorosa e solitária. Mas no fim a recompensa é incalculável e a satisfação pessoal e profissional também.
Entrevistada: Eurides Costa Tavares Nogueira
Entrevista concedida em: 17 jan. 2024 aos Editores.
Formato de entrevista: Escrita
Redação da Apresentação: Larissa Alves
Fotografia: Eurides Costa Tavares Nogueira
Diagramação: Larissa Alves