Entrevista com Natalia Cerrao sobre sua pesquisa com as tendências de metadados em repositórios institucionais digitais
Entrevista com Natalia Cerrao sobre sua pesquisa com as tendências de metadados para repositórios institucionais digitais
Natalia Gallo Cerrao
nataliacerrao@gmail.com
Sobre a entrevistada
A bibliotecária Natalia Gallo Cerrao defendeu, em 2019, sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de São Carlos, sob orientação do Prof. Dr. Fabiano Ferreira de Castro.
Aos 29 anos e natural de São Carlos, São Paulo, Natalia é bibliotecária de referência na Universidade Estadual de Campinas e tem como hobbies ler, jogar videogame, assistir a filmes e séries. Possui ainda um segundo mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela UFSCar (2023).
Sua dissertação, intitulada “Análise das aplicações de metadados baseada em FRBR e RDA em repositórios institucionais digitais: contribuições do domínio bibliográfico” teve como objetivo o estudo dos FRBR e RDA estabelecidos no domínio bibliográfico, a fim de identificar o estado da arte sobre as tendências do domínio bibliográfico e se os mesmos podem ser aplicados em repositórios institucionais digitais. Além disso, um estudo empírico foi realizado no Repositório Institucional da Universidade Federal de Sergipe, a partir da análise de um registro descritivo que pudessem ser identificados os princípios teóricos e aplicados dos FRBR e RDA.
Natalia nos relata, nesta entrevista, sua experiência no programa de mestrado e os desdobramentos de sua pesquisa.
Divulga-CI: O que te levou a fazer o mestrado e o que te inspirou na escolha do tema da dissertação?
Natalia Gallo Cerrao (NGC): Minha escolha pelo mestrado em Ciência da Informação se deu pela vontade de prosseguir meus estudos na área, principalmente após a realização de Iniciação Científica na graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação, e também por ter gostado muito da área e da temática de pesquisa, me sentir familiarizada com o tema e buscar me aperfeiçoar ainda mais no mesmo, visando seguir carreira acadêmica.
DC: Quem será o principal beneficiado dos resultados alçados?
NGC: Acredito que os principais beneficiados dos resultados de minha pesquisa serão os usuários de repositórios institucionais, devido à reflexão e proposta de melhorias na representação da informação nesse ambiente digital e claro, os bibliotecários e profissionais catalogadores a trabalhar nesses ambientes e que tenham interesse na temática.
DC: Quais as principais contribuições que destacaria em sua dissertação para a ciência e a tecnologia e para a sociedade?
NGC: Acredito que minha dissertação contribui para uma reflexão de como as informações e documentos devem ser melhor representados, catalogados e indexados em ambientes informacionais, especialmente em repositórios institucionais, portanto haveria uma discussão acerca da melhoria do acesso ao público dessas informações.
DC: Seu trabalho está inserido em que linha de pesquisa do Programa de Pós Graduação? Por quê?
NGC: Está inserido na Linha 2 – Tecnologia, Informação e Representação: “Diante da crescente influência dos aparatos tecnológicos na sociedade contemporânea, os processos de representação documental consagram-se como elo fundamental para a garantia de recuperação da informação. Nesse sentido, destacam-se pesquisas de cunho teórico-práticas pautadas no desenvolvimento, nos métodos, nos instrumentos e no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) que envolvam a geração, o armazenamento, a representação, a organização, o compartilhamento, a disseminação, o uso, o reuso, a segurança e a preservação de informações em ambientes informacionais digitais. Os estudos refletem a dimensão teórica e epistemológica que fundamenta o uso estratégico das TIC na área de Ciência da Informação e investiga as relações existentes entre o corpus teórico e a práxis profissional para otimizar a inovação.”
DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?
NGC: A metodologia de pesquisa utilizada foi a Revisão Sistemática de Literatura, até então na época pioneira na UFSCar, sendo inserida pelo grupo de pesquisas GPERTIC, coordenado pelo Prof. Dr. Fabiano Ferreira de Castro. Esse método que trata de critérios e de etapas rigorosas para uma revisão bibliográfica mais exaustiva e aprofundada, e a construção de um protocolo, que garante a confiabilidade e a representatividade dos documentos recuperados, além de ser passível de reprodução.
DC: Quais foram as principais dificuldades no desenvolvimento e escrita da dissertação?
NGC: Acredito que minha principal dificuldade foi organizar as ideias e o conhecimento que fui adquirindo com as leituras e com o processo metodológico para resultar na escrita do texto, além da organização em geral dos resultados para que pudessem ser o melhor explicitados possível, e também fizessem sentido com os objetivos de pesquisa. Também destaco as dificuldades pessoais em questão de saúde mental que todo esse processo acabou acarretando, como a ansiedade.
DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a dissertação?
NGC: 30% inspiração e 70% transpiração.
DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da dissertação?
NGC: O principal desabafo é em relação à valorização do pesquisador no Brasil, que muitas vezes abdica de realizações pessoais e profissionais para dedicar-se à pesquisa em tempo integral. De modo pessoal, meus desabafos consistem sempre em “no que eu poderia melhorar” ou “o que eu poderia ter feito a mais”, mas acredito firmemente ter feito tudo o que podia na época e no tempo que tinha (dois anos) durante o mestrado. Realizei muitas leituras, aprendi muito, participei de muitas atividades tanto curriculares quanto extracurriculares, me dedicando ao mestrado e também à minha carreira profissional ao mesmo tempo. Desabafo também acerca da questão da saúde mental, que me foi ainda mais prejudicada durante todo esse percurso, em especial em relação à ansiedade e estresse.
DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?
NGC: Minha família sempre me apoiou muito em relação aos meus estudos, e compreenderam algumas de minhas ausências devido à necessidade de estudar e principalmente durante o tempo que me dediquei à leituras e escrita da dissertação.
DC: Agora que concluiu a dissertação, o que mais recomendaria a outros mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?
NGC: Recomendo que sigam seus objetivos acadêmicos e profissionais e que sempre busquem orientações e auxílio de seus professores, colegas e orientadores, mesmo que sintam-se envergonhados, e que compartilhem suas ideias com os demais profissionais da área o máximo possível para que possam obter ainda mais contribuições para o trabalho/pesquisa.
DC: Como você avalia a sua produção científica durante o mestrado (projetos, artigos, trabalhos em eventos, participação em laboratórios e grupos de pesquisa)? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?
NGC: Estou satisfeita com minha produção científica em geral. Apresentei trabalhos em alguns eventos da área, com destaque para o principal em território nacional, o ENANCIB. Também publiquei artigos em quatro periódicos diferentes, com destaque para o periódico Transinformação, avaliado como Qualis A1. Referência: CERRAO, N. G.; CASTRO, F. F. de . Aplicações de metadados baseadas em FRBR e RDA em repositórios institucionais digitais: uma revisão sistemática da literatura. Transinformacao, v. 32, p. 1-11, 2020.
DC: Desde a conclusão da dissertação, o que tem feito e o que pretende fazer em termos profissionais?
NGC: Desde minha conclusão do mestrado em Ciência da Informação, ingressei e já me formei num segundo mestrado, na área de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Além disso, realizei o sonho de ingressar como servidora pública, tornando-me bibliotecária de referência na Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.
DC: Pretende fazer doutorado? Será na mesma área do mestrado?
NGC: Sim, na área da Ciência da Informação.
DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?
NGC: Teria me comunicado mais com professores, colegas de turma e com o orientador para receber ainda mais considerações, e teria buscado realizar mais (!) leituras e obter ainda mais conhecimento sobre os temas importantes. Teria cuidado melhor de minha saúde mental e me dado pausas para descanso quando precisei.
DC: Você por você:
NGC: Entusiasmada, curiosa, criativa, observadora, dedicada e que busca sempre realizar os próprios objetivos. Tudo isso com certo nível elevado de ansiedade e uma auto-estima que poderia ser um tanto melhor, rs. Disposta a ouvir comentários, críticas construtivas e contribuições, muito interessada a sempre aprender mais e mais.
Entrevistada: Natalia Gallo Cerrao
Entrevista concedida em: 08 nov. 2023 aos Editores.
Formato de entrevista: Escrita
Redação da Apresentação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro
Fotografia: Natalia Gallo Cerrao
Diagramação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro