• contato@labci.online
  • revista.divulgaci@gmail.com
  • Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho - RO
v. 2, n. 2, fev. 2024
Entrevista com Amélia Costa sobre sua pesquisa que investigou o exercício educativo-pedagógico do Museu Afro-Brasileiro

Entrevista com Amélia Costa sobre sua pesquisa que investigou o exercício educativo-pedagógico do Museu Afro-Brasileiro

Abrir versão para impressão

Entrevista com Amélia Costa sobre sua pesquisa que investigou o exercício educativo-pedagógico do Museu Afro-Brasileiro

Amélia Pereira Costa

costa.amelia@ufba.br

Sobre a entrevistada

Em 2023, a museóloga Amélia Pereira Costa defendeu sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Museologia da Universidade Federal da Bahia, sob orientação do Prof. Dr. Marcelo Nascimento Bernado da Cunha.

Aos 29 anos e natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Amélia tem como hobbies a prática de corrida de rua e meditação ao ar livre. Atualmente, é museóloga do Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia.

Sua dissertação, intitulada “Mãos que tecem, fios que compõem: a trama do exercício educativo-pedagógico no Mafro” investigou o exercício educativo-pedagógico operacionalizado no Museu Afro-brasileiro da Universidade Federal da Bahia (Mafro) e teve como objetivo auxiliar na construção de um Programa Educativo e Cultural e na estruturação do setor na instituição. 

A pesquisadora procurou responder às seguintes questões como: Quais são as práticas do museu? Quais fatores contribuem para que seja assim? E como foi planejado e executado essa trajetória educacional?

Convidamos Amélia para nos contar, nesta entrevista, como se deu o desenvolvimento de sua pesquisa e sua experiência no programa de mestrado.

Divulga-CI: O que te levou a fazer o mestrado e o que te inspirou na escolha do tema da dissertação?

Amélia Costa (AC): O meu mestrado foi resultado de dois processos: os estudos para concursos e a minha entrada no museu Afro-brasileiro da UFBA para atuar como museóloga. Os estudos para concurso me fizeram aprofundar na temática do planejamento, no contexto da museologia e da administração pública. Então, ao assumir o cargo na UFBA, eu levei essa bagagem. Durante meu período de adaptação e observação das atividades do museu, percebi que todo o trabalho desenvolvido no âmbito das ações educativas poderia ser otimizado através da aplicação de ferramentas de planejamento já existentes, especificamente a criação de um Programa Educativo e Cultural. Surge aí meu objeto de pesquisa!

DC: Quem será o principal beneficiado dos resultados alçados?

AC: Eu creio que primeiramente quem ganha é o público interno do museu: sua equipe. Com uma pesquisa que passa pela história institucional, revendo projetos e programas já executados pela instituição, identificando padrões, princípios. A pesquisa tem o foco nas atividades educativas, mas acaba tangenciando questões relacionadas à gestão, ao histórico das exposições; sobre como o museu tem se pensado e sobre as pessoas que encabeçaram esses processos. Então creio que primeiramente quem ganha é a instituição. A museologia, enquanto ciência, também se fortalece com esses debates e análises próprios dos processos do conhecimento científico. E, como nada disso tem o fim em si mesmo, o objetivo é que as reflexões propostas possam fomentar mudanças positivas no desenvolvimento dos trabalhos junto aos públicos, a sociedade.

DC: Quais as principais contribuições que destacaria em sua dissertação para a ciência e a tecnologia e para a sociedade?

AC: Compreender a importância do planejamento, sem dúvidas, é uma das maiores contribuições. O planejamento fomenta a pesquisa, ajuda a compreender os propósitos do trabalho institucional e permite que as ações sejam mais assertivas no cumprimento dos objetivos. Automaticamente isso vai impactar no relacionamento do museu com seus públicos, com a sociedade. Propomos também o conceito de exposição educadora e de uma dimensão político-educativa nos museus, que podem auxiliar outros pesquisadores e trabalhadores de museus a compreenderem os processos museológicos. 

DC: Seu trabalho está inserido em que linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação? Por quê?

AC: Minha pesquisa está inserida na linha de pesquisa museologia e desenvolvimento social porque buscou compreender como o museu construiu suas relações com a sociedade por meio de suas ações educativas, como ele tem pensado essas relações e como elas são organizadas dentro da lógica educativo-pedagógica.

DC: Citaria algum trabalho (artigo, dissertação, tese) ou ação decisiva para sua dissertação? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?

AC: Muitos autores e diversas publicações contribuíram muito para esse trabalho, mas creio que a dissertação da professora Marcelle Pereira, na qual ela apresenta as dimensões e função educativa dos museus; bem como as normativas e publicações norteadoras do IBRAM foram basilares para pensar neste eixo educação museal-planejamento.

DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?

AC: A publicação do IBRAM “Subsídios para a elaboração de planos museológicos” permitiu uma compreensão do caminho que deveria seguir para realizar qualquer proposição relativa ao Programa Educativo e Cultural, a partir daí o caminho foi se desenhando partindo da pesquisa exploratória, seguida de uma pesquisa qualitativa, para análise dos documentos levantados.

DC: Quais foram as principais dificuldades no desenvolvimento e escrita da dissertação?

AC: Minha maior dificuldade foi conseguir equilibrar a vida pessoal com a pesquisa. Nesse processo de hiperfoco a gente acaba desequilibrando essa equação. 

DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a dissertação?

AC: Alguma coisa de inspiração e muito de transpiração. Vamos dizer que uns 30% inspiração e 70% transpiração. A inspiração sustenta os primeiros impulsos e é muito importante em várias etapas, mas se você não estiver disposto a trabalhar duro, a transpirar bastante, ela não resolve. 

DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da dissertação?

AC: É um processo árduo. Bastante difícil, mais para uns, menos para outros…é um desafio equilibrar a vida, a pesquisa, os prazos.

DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?

AC: O apoio da minha família foi fundamental. Ver o quanto eles acreditavam em mim e nos meus objetivos me deu bastante força na caminhada.

DC: Agora que concluiu a dissertação, o que mais recomendaria a outros mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?

AC: Recomendaria que levassem a sério o caráter interdisciplinar da museologia e as normativas e políticas públicas do campo. 

DC: Como você avalia a sua produção científica durante o mestrado (projetos, artigos, trabalhos em eventos, participação em laboratórios e grupos de pesquisa)? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?

AC: A pesquisa reverberou muito no meu trabalho no museu, na criação de programas e projetos, como o Programa Museu-Escola 2.0 e o Projeto “MÁFRICAS: educação e diáspora”, que foram desenvolvidos juntos com o desenrolar da pesquisa. Além disso, ter tido a oportunidade de socializar o processo e alguns resultados em eventos como o SEBRAMUS e o Fórum de Museus Universitários com colegas da área possibilitou outras reflexões e percepções sobre o objeto de pesquisa e as aplicabilidades. Ainda não publiquei nenhum artigo sobre, mas estou trabalhando para que isso aconteça em breve. 

DC: Desde a conclusão da dissertação, o que tem feito e o que pretende fazer em termos profissionais?

AC: Tenho me ocupado em consolidar um Programa Educativo e Cultural no museu. Refletido sobre os processos e procurado escrever sobre, afinal, é no debate científico que os processos se enriquecem.

DC: Pretende fazer doutorado? Será na mesma área do mestrado?

AC: Ainda não sei para onde as pesquisas irão me levar…mas é provável que em algum momento saia um doutorado, provável que seja na museologia ou na educação, mas só o tempo dirá…

DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?

AC: Eu teria procurado viver o processo com mais leveza. É fundamental não se deixar absorver pela pesquisa.

DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de mestrado?

AC: Todos os componentes, professores e colegas, mesmo nas divergências, contribuíram para a realização dessa pesquisa e para a construção da dissertação. Creio que, sendo uma relação bilateral, contribui também para os objetivos do programa.

DC: Você por você:

AC: Eu sou Amélia Costa, filha da Dodora e do Raimundo. Uma mineira vivendo na Bahia. Interessada pela sociologia da educação e processos educativos em geral; pesquisadora da interface das interações entre museologia-administração-educação. Amante dos animais, especialmente felinos; apreciadora de uma boa comida e corredora amadora. 


Entrevistada: Amélia Pereira Costa

Entrevista concedida em: 10 nov. 2023 aos Editores.

Formato de entrevista: Escrita 

Redação da Apresentação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro

Fotografia: Amélia Pereira Costa

Diagramação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro

0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »
Pular para o conteúdo