A magia das bibliotecas em Harry Potter: estudo revela conexões entre a ficção e a realidade
A magia das bibliotecas em Harry Potter: estudo revela conexões entre a ficção e a realidade
Um estudo da Universidade de Évora (UE) analisou as representações de livros, bibliotecas, bibliotecários e personagens leitoras na saga de livros Harry Potter. O trabalho constatou que essas representações fictícias são altamente conectadas com a realidade das bibliotecas.
“Durante a análise dos estudos já existentes, percebemos a escassez de conteúdos sobre bibliotecas fictícias. Por esse motivo, escolhemos realizar uma análise sobre Harry Potter. Além de sermos fãs da obra, reconhecemos a sua grande importância na divulgação da literatura e cultura infantojuvenil”, explica Anabela Risso, egressa do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Literatura da UE e autora do estudo.
Harry Potter é uma saga de sete livros escritos por J.K. Rowling, que vendeu mais de 500 milhões de exemplares em todo o mundo. Os filmes baseados na obra também obtiveram grande sucesso nas bilheterias, gerando sequências, prequelas e até mesmo musicais. Além disso, o universo de Harry Potter inspirou eventos temáticos, espaços dedicados à franquia e uma extensa linha de produtos licenciados, demonstrando o impacto cultural e o amplo alcance da série.
O trabalho se concentrou nos sete livros principais da saga Harry Potter, mas também incluiu uma breve abordagem dos livros complementares, como “Os Contos de Beedle, O Bardo”, “O Quidditch Através dos Tempos”, “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada” e “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los”.
“Não queríamos que este estudo fosse desconectado ou irrelevante para a área profissional da Biblioteconomia. Por isso, optamos por focar nas obras infantojuvenis, visando compreender o que essas histórias têm a oferecer relacionado à profissão e como podem auxiliar os profissionais de bibliotecas na promoção da leitura. Essa abordagem tem o potencial de ser útil em uma das missões mais importantes das bibliotecas”, explica Anabela.
A biblioteca da escola Hogwarts é diferente das bibliotecas contemporâneas do mundo real. Enquanto nas bibliotecas modernas encontramos não apenas livros, mas também computadores e atividades de animação cultural, a biblioteca de Hogwarts se assemelha mais às bibliotecas vitorianas, mas com elementos mágicos. Embora tenha magia, a biblioteca ainda é bastante realista em termos de espaço físico.
A pesquisadora destacou as diferenças entre as bibliotecas: na fictícia, os livros planam até seus lugares, enquanto na real é preferível que as obras sejam deixadas nas mesas e em locais próprios para que o bibliotecário possa organizá-las. Além disso, os livros no mundo mágico são semelhantes aos do mundo real, apresentando uma variedade de tamanhos, formas e conteúdos.
A bibliotecária Madame Pince é uma das personagens analisadas que se destaca de forma negativa. Ela é descrita como uma figura severa e de mau humor, lembrando um abutre. Madame Pince é retratada como uma senhora assustadora e rabugenta, que demonstra grande zelo e determinação na defesa dos livros.
“A J.K. Rowling pode ter tido más experiências com bibliotecários em sua vida, refletindo isso em suas obras, ou ela tenha recorrido a estereótipos ao criar a personagem da bibliotecária Madame Pince”, conta Anabela.
Já as personagens leitoras na saga de Harry Potter são diversas, com gostos, opiniões e estilos de vida distintos, o que as representa de forma autêntica a realidade. Essa variedade reflete a diversidade de leitores que encontramos no cotidiano, com diferentes interesses, perspectivas e experiências.
Pode ser inicialmente desafiador encontrar uma conexão direta entre a análise da representação literária de livros e bibliotecas na literatura infantojuvenil e o trabalho real e prático de uma biblioteca.
No entanto, a autora destaca um fio condutor entre os dois que pode ser explorado na Literatura Comparada, além de ser útil na vida de um bibliotecário que deseja promover a leitura e ajudar, especialmente considerando a queda significativa no número de leitores atualmente.
“Conhecemos a importância que as bibliotecas têm para a literatura, não apenas como locais de preservação dos livros, mas também porque é por meio delas que a literatura pode alcançar todos aqueles que a buscam, mesmo que não disponham de recursos financeiros”, enfatiza a pesquisadora.
A literatura é fundamental para tornar as bibliotecas atrativas, mas é importante adaptar-se às demandas atuais e buscar novos leitores sem impor a leitura como obrigação. Além dos livros, é essencial explorar outras formas de expandir a literatura, como o cinema. Dessa forma, a literatura se torna um organismo vivo e complexo.
Acesse a dissertação em:
RISSO, Anabela de Jesus Canivete. Representação do livro e da biblioteca na literatura infantojuvenil: a saga Harry Potter de J. K. Rowling. Dissertação (Mestrado em Literatura) – Universidade de Évora, Évora, 2023. Disponível em: http://dspace.uevora.pt/rdpc/handle/10174/34881 . Acesso em: 1 de fev. de 2024.
Redação: Vanessa Forte
Revisão: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro
Diagramação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro