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v. 2, n. 1, jan. 2024
Os Quadrinhos da Turma da Mônica como fonte de informação social, por Keitty Vieira

Os Quadrinhos da Turma da Mônica como fonte de informação social, por Keitty Vieira

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Os Quadrinhos da Turma da Mônica como fonte de informação social

Keitty Vieira

keitty.rv@ufsc.br

No mês de Janeiro comemora-se o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, uma literatura que geralmente remete os adultos à infância, às bancas de jornais, aos caixas de supermercados.. É incrível como simples diálogos e ilustrações muito próximas da nossa realidade do dia a dia são capazes de fazer as pessoas se alegrarem, refletir, informar e se deliciar com uma leitura leve. 

A literatura infantil muitas vezes, pelo senso comum, é fortemente atrelada ao incentivo à leitura por meio do lazer, da diversão, do encantamento, o que não está totalmente errado. Afinal, a atividade de leitura para uma criança precisa trazer elementos que despertem o interesse desse futuro leitor.  

Todavia, o conteúdo das histórias em quadrinhos voltadas ao público infantil pode sim conter informações que auxiliem na formação do cidadão com noções sobre meio ambiente, leis, direitos e deveres, saúde e inclusão, por exemplo. E é isso o que está presente em parte das publicações da Turma da Mônica.

As autoras do artigo “Os Quadrinhos da Turma da Mônica e sua contribuição para as reflexões sobre o bem-estar social, pessoal e político da sociedade” possuem o gosto particular por este tipo de literatura. E, quando surgiu a chamada para apresentação de trabalhos no 39 Painel Biblioteconomia em Santa Catarina, promovido pela Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB), surgiu também a ideia de se debruçar sobre a temática da literatura infantil. 

No entanto, as autoras desse artigo pensaram em realizar uma pesquisa “diferente”, leve. A proposta veio das alunas Erica de Lima Käfer e Vitoria Gizela de Oliveira Grott (ambas estudantes do curso de Graduação em Biblioteconomia da UFSC) ao relatarem o interesse de pesquisar algo relacionado a literatura infantil mas que fugisse um pouco do “mais do mesmo” (quantitativo de autores, ou de publicações, ou discussão teórica sobre o tema). 

Com isso a pergunta que deu origem a ideia do artigo foi: “Será possível fazer uma análise científica dos gibis da Turma da Mônica para apresentarmos no painel da ACB?” E a resposta não foi só “sim, é possível”, como também, o trabalho apresentado foi considerado um dos melhores de sua seção e encaminhado para a publicação na íntegra. (Além de ter sido uma delícia fazer análise de dados por meio da leitura de gibis).

Na foto, da esquerda para a direita, as pesquisadoras Érica de Lima Käfer, Keitty Vieira e Vitoria Gizela de Oliveira Grott, premiadas no 39º Painel Biblioteconomia em Santa Catarina

O tema do evento era “bibliotecas inclusivas: promovendo a inclusão social, econômica e política de todas as pessoas” e, com isso, as autoras viram uma oportunidade de trazer os quadrinhos para discussão no evento utilizando-os como fonte de informação para a sociedade. E não somente na perspectiva do incentivo à leitura afinal, queríamos apresentar algo diferente. 

Há muitas publicações relacionadas à Turma da Mônica, o que torna o universo de pesquisa gigantesco. Por isso, optou-se por analisar somente os gibis relacionados às publicações especiais, que estão disponíveis ao público de forma gratuita no site Maurício de Sousa Produções.

Na imagem, primeira página do artigo publicado na Revista ACB

Com isso, se iniciou a (prazerosa) tarefa de leitura dos 35 quadrinhos selecionados com o intuito de buscar os seguintes temas no conteúdo dos mesmos: informações de interesse pessoal; social; econômico; e político. A partir disso, verificou-se que todas essas temáticas são tratadas nos quadrinhos da série de forma lúdica, educativa, e com a colaboração de instituições importantes na produção deste conteúdo, a exemplo do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde.

O que foi mais curioso na análise dos quadrinhos foi a profundidade de alguns temas e das explicações próximas da realidade. Por exemplo, a mãe da personagem Magali, teve seus dados pessoais coletados por lojas comerciais que se utilizaram disso para oferecer novos produtos, ou seja, um caso clássico que envolve a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Outro exemplo são as discussões sobre as fake news relacionadas à vacinação, onde é informado o que acontece quando várias pessoas deixam de se vacinar para determinadas doenças muitas vezes já erradicadas. 

Ou seja, há um grande esforço dos cartunistas e produtores de conteúdo envolvidos nesta série para abordar temas de relevância social em uma linguagem focada diretamente no público infantil. Com isso, além do incentivo à leitura, houve a disseminação de informação de qualidade da forma mais natural possível, com exemplos do cotidiano, linguagem simples, por vezes divertida, próxima à realidade conhecida daquele leitor.

Esse é um perfeito exemplo de que podemos alcançar a sociedade sem precisar falar difícil. E é essa a mensagem que gostaríamos de passar ao fazer essa pesquisa. Também gostaríamos de deixar a mensagem de que para fazer ciência nós podemos sim ir para o “simples”, porque no simples também há conhecimento que possa ser compartilhado e discutido entre os pares da área. Afinal, por que não analisar gibis? Ou literatura de cordel? Ou fanfics? Sinta-se convidado a ler o artigo na íntegra e dialogar conosco. Por último, apenas uma reflexão: Quando e qual foi o último Quadrinho que você leu? “Bola ler gibi, galela!”

Acesse o artigo na íntegra: 

VIEIRA, K.; GROTT, V. G. de O.; KÄFER, E. de L. Os quadrinhos da Turma da Mônica e sua contribuição para as reflexões sobre o bem-estar social, pessoal e político da sociedade. Revista ACB, Florianópolis, v. 28, n. 2, p. 1–13, 2023. Disponível em: https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/2055 . Acesso em 04 jan. 2024.

Sobre a autora

Keitty Rodrigues Vieira Mattos

Professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina. É membra do Grupo de Pesquisa Organização do Conhecimento e Gestão Documental – KOD e vice líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos em Tecnologia Assistiva, Inclusão Digital e Bibliotecas Escolares – BETA da Universidade Federal de Santa Catarina.

Doutora e Mestra em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bacharela em Biblioteconomia com habilitação em Gestão da Informação pela Universidade do Estado de Santa Catarina.


Redação: Keitty Vieira

Foto: Keitty Vieira

Diagramação: Pedro Ivo Silveira Andretta

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