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v. 2, n. 1, jan. 2024
Entrevista com Mariana Batista sobre sua pesquisa com a Avaliação Arquivística na administração pública em Minas Gerais e Rio de Janeiro

Entrevista com Mariana Batista sobre sua pesquisa com a Avaliação Arquivística na administração pública em Minas Gerais e Rio de Janeiro

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Entrevista com Mariana Batista sobre sua pesquisa com a Avaliação Arquivística na administração pública em Minas Gerais e Rio de Janeiro

Mariana Batista do Nascimento

marimbn@ufmg.br

Sobre a entrevistada

A historiadora Mariana Batista do Nascimento, natural do Rio de Janeiro,  destaca-se em sua atuação como professora e coordenadora do Curso de Arquivologia na Universidade Federal de Minas Gerais, onde atua desde 2017. Em 2022, a pesquisadora concluiu o Doutorado em Ciência da Informação, sob orientação do Prof. Dr. Renato Pinto Venâncio.

Com 38 anos, Mariana tem uma trajetória marcada pela paixão pela docência, a arquivologia, o cuidado com seus filhos e seu hobby favorito: ir ao Samba.

Em sua tese de doutorado intitulada, “Avaliação arquivística: requisitos para valoração e destinação de documentos no âmbito da administração pública estadual“, Mariana se concentrou na avaliação arquivística de documentos, explorando a perspectiva do tipo documental em contraste com a avaliação baseada em “assuntos” no âmbito do Poder Executivo estadual brasileiro. O estudo foi realizado com foco nas tabelas de temporalidade e destinação de documentos produzidas pelos Programas de Gestão de Documentos dos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. A pesquisa de Mariana visou entender como os órgãos selecionados executam a avaliação e seleção de documentos, suas metodologias e os resultados práticos dessas escolhas. 

Nesta entrevista, Mariana compartilha um pouco sobre sua jornada acadêmica e profissional.

Divulga-CI: O que te levou a fazer o doutorado e o que te inspirou na escolha do tema da tese?

MN: Fiz o doutorado para crescer profissionalmente. A inspiração do tema está relacionada a área de pesquisa que sempre me interessou, a gestão de documentos. Em um primeiro momento pensei em trabalhar com massa documental acumulada, mas a avaliação sempre teve um lugar importante nas minhas indagações.

DC: Em qual momento de seu tempo no doutorado você teve certeza que tinha uma “tese” e que chegaria aos resultados e  conclusões alcançados?

MN: Acredito que quando iniciei a análise profunda da metodologia de produção dos instrumentos de avaliação. 

DC: Por que sua tese é um trabalho de doutorado, o que você aponta como ineditismo?

MN: Muito se discute sobre o processo avaliativo, contudo quase nada é falado sobre a produção das tabelas de temporalidade e destinação de documentos. O ineditismo está justamente na reflexão sobre o método de produção de um dos instrumentos mais importantes para a Arquivologia, trazendo efetivamente um caminho a ser seguido. Caminho esse baseado em pesquisa científica e não no senso comum.

DC: Em que sua tese pode ser útil à sociedade?

MN: A avaliação de documentos impacta diretamente na sociedade, já que os resultados são os documentos preservados em caráter definitivo, documentos estes que são fonte da história e da memória coletiva de uma sociedade. Os métodos científicos para executar tal atividade são imprescindíveis para que documentos de fato importantes não sejam eliminados

DC: Quais são as contribuições de sua tese? Por quê?

MN: Acredito que a tese contribua diretamente com o fazer arquivístico, apoiando a atividade do profissional na tomada de decisão sobre qual método de elaboração de tabela de temporalidade é mais adequado para a garantia de preservação do patrimônio documental. 

DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?

MN: Muita leitura e visão crítica sobre os instrumentos analisados.

DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a tese?

MN: 60% das inspirações vieram das discussões e análises realizadas em sala de aula e as dificuldades são atribuídas ao cansaço intelectual que uma tese demanda. Ainda mais com trabalho e três filhos pequenos que necessitam  de atenção. 

DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da tese?

MN: Acho que a caminhada é bem pesada e cansativa, mas a recompensa é gratificante. O sucesso da tese está relacionado ao trabalho duro e ao apoio sensacional do orientador.

DC: Como foi o relacionamento com a família durante o doutorado?

MN: A família me apoiou bastante e tentou entender da melhor forma possível as minhas ausências. Sem o apoio deles eu jamais teria concluído o trabalho.

DC: Qual foi a maior dificuldade de sua tese? Por quê?

MN: A dificuldade é escrever propriamente dito. Transformar pensamentos complexos em escrita é extremamente cansativo e sempre nos faz parecer que não existem palavras suficientes para tanto coisa que queremos falar.

DC: Que temas de mestrado citaria como pesquisas futuras possíveis  sobre sua tese?

MN: Avaliação de documentos no Brasil; A tipologia documental como série; A tradição do processo avaliativo no Brasil.

DC: Quais suas pretensões profissionais agora que você se doutorou?

MN: Criar um projeto de pesquisa para estudar a massa documental acumulada. E posteriormente me credenciar a um programa de pós graduação.

DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?

MN: Começado a escrever antes.

DC: Como você avalia a sua produção científica durante o doutorado? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?

MN: Estou escrevendo 3 artigos. A publicação está prevista para 2024.

DC: Exerceu alguma monitoria / estágio docência durante o doutorado? Como foi a experiência?

MN: Não, pois já sou professora do ensino superior.

DC: Agora que concluiu a tese, o que mais recomendaria a outros doutorandos e mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?

MN: Comecem a pesquisa no mesmo dia que começaram as aulas, faça os 2 juntos. Leiam muitos e fichem todas as leituras. Textos não fichados são como não lidos.

DC: Como acha que deve ser a relação orientador-orientando?

MN: A mais fluida possível. O orientador deve ouvir tanto quanto o orientando. Precisa ser uma relação de troca de aprendizagem. Sem assédio moral e sem prepotência principalmente vinda do orientador.

DC: Sua tese gerou algum novo projeto de pesquisa? 

MN:  Ainda não.

DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de doutorado?

MN: O básico.

DC: Você por você: 

MN: Uma mulher negra, agora doutora, professora, sonhadora, amante da Arquivologia, defensora da gestão de documentos, que ama o que faz. Tem a humildade como pilar, carrega a esperança no coração e corre muito atrás de ser feliz. Acho que é isso!!!!


Entrevistada: Mariana Batista do Nascimento

Entrevista concedida em: 14 nov. 2023 aos Editores.

Formato de entrevista: Escrita 

Redação da Apresentação: Pedro Ivo Silveira Andretta

Fotografia: Mariana Batista do Nascimento

Diagramação: Marcos Leandro Freitas Hubner

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