Entrevista com Alessandra Caetano Patuzzo e sua pesquisa sobre a biblioteca universitária como espaço de aprendizagem
Entrevista com Alessandra Caetano Patuzzo e sua pesquisa sobre a biblioteca universitária como espaço de aprendizagem
Alessandra Caetano Patuzzo
apattuzzo@gmail.com
Sobre a entrevistada
Em 2022, a recém-mestre Alessandra Monteiro Pattuzzo Caetano defendeu sua dissertação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Espírito Santo, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Gleice Pereira.
Alessandra tem como hobbies assistir filmes e ter novas experiências referentes à culinária. Além disso, atua como Gestora de Pesquisa, Extensão e Biblioteca.
Sua dissertação, intitulada “Biblioteca universitária como espaço de aprendizagem: a competência em informação e a colaboração educativa entre bibliotecário e professor” teve como objetivo compreender o processo de planejamento e realização de ações colaborativas entre bibliotecários e professores, orientadas à competência em informação, presenciais e digitais, de bibliotecas de Instituições de Ensino Superior localizadas na Grande Vitória (ES).
A temática é relevante por trazer para essa discussão o papel pedagógico das BU’s, evidenciando o profissional bibliotecário como um educador e por trazer como reflexão possibilidades de desenvolver práticas e ações colaborativas com professores demonstrando as mais variadas possibilidades inerentes ao universo das bibliotecas universitárias e por estar alinhada à área temática da Ciência da Informação.
Solicitamos que a Alessandra nos contasse um pouco sobre sua experiência no programa de mestrado, suas perspectivas futuras e o desenvolvimento de sua pesquisa.
Divulga-CI: O que te levou a fazer o mestrado e o que te inspirou na escolha do tema da dissertação?
Alessandra Monteiro Pattuzzo Caetano (AMPC): Durante mais de uma década trabalhando frente ao serviço de referência de bibliotecas universitárias, foi possível observar e participar de diversos eventos que chamaram a atenção e trouxeram reflexões para a dissertação sobre seu papel de bibliotecária dentro do ambiente da universidade, bem como a sua participação em práticas de mediação da informação por meio da mediação pedagógica das informações na construção de novos conhecimentos em alunos da IES, que também me encorajou a fazer o mestrado.
DC: Quem será o principal beneficiado dos resultados alçados?
AMPC: Quanto aos benefícios dos resultados da pesquisa à Ciência da Informação, esta contribuí particularmente na identificação das contribuições da competência em informação para a evolução paradigmática da área e nas da educação e da biblioteconomia, fornecendo uma visão abrangente do processo colaborativo, tratando-se de uma ciência interdisciplinar. Nesse aspecto, o estudo colaborou tanto para o âmbito da ciência da informação quanto na ampliação das relações entre o papel da biblioteca universitária e do bibliotecário em um ambiente educativo e da proposta de relatar práticas e ações colaborativas entre professores e bibliotecários nas instituições de ensino superior. Contribuindo também na análise da formação de bibliotecários para que inovem nos processos tradicionais da biblioteca universitária e que se adaptem às transformações contemporâneas no âmbito da educação superior por meio de formações continuadas que proporcionem competências para atuarem com e como educadores.
DC: Quais as principais contribuições que destacaria em sua dissertação para a ciência ea tecnologia e para a sociedade?
AMPC: Nesse sentido, por meio da pesquisa realizada, foi possível perceber, que existem esforços por parte dos gestores das bibliotecas universitárias e que reconheçam a importância da competência em informação, a pesquisa permitiu por meio da amostra, identificar o planejamento e desenvolvimento de práticas, ações e projetos colaborativos por bibliotecários e professores mesmo que limitadas e ainda bem tímidas em relação às mudanças que o ambiente educacional das IES vem sofrendo. Ficando perceptível que ainda “não há aceitação do papel do bibliotecário no planejamento curricular e instrução integrada ao curso. Destacando a importância da iniciativa das IES de apoiarem e entenderem o papel profissional dos bibliotecários para que possam ser reconhecidos e participarem colaborativamente e ativamente desempenhando um papel integral no planejamento do processo de ensino/aprendizagem dos alunos.
DC: Seu trabalho está inserido em que linha de pesquisa do Programa de Pós Graduação? Por quê?
AMPC: Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Espírito Santo, linha de pesquisa 1: Cultura, Mediação e Uso da informação. Essa linha de pesquisa propõe investigações sobre as relações entre a cultura, a informação e a sociedade sob os aspectos: institucionais, científicos e educacionais. Tem como objetivo realizar estudos de usos, de práticas e representações culturais, mediação cultural, multiculturalismo, práticas colaborativas no âmbito escolar, competência em informação e competência leitora.
DC: Citaria algum trabalho (artigo, dissertação, tese) ou ação decisiva para sua dissertação? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?
AMPC: A minha pesquisa teve como principal autora Patrícia Montiel-Overall. Essa autora desenvolveu o modelo Teacher and Librarian Collaboration Model (TCL), a qual usei como suporte para identificar a colaboração no trabalho desses profissionais.
DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?
AMPC: Fiz o uso da metodologia Knowledge Development Process–Constructivist (Proknow-C), desenvolvida pelo Laboratório de Metodologias Multicritério em apoio à Decisão (LabMCDA) da Universidade Federal de Santa Catarina. Que me ajudou na análise sistemática da literatura e na metodologia de pesquisa mais adequada para a minha dissertação.
DC: Quais foram as principais dificuldades no desenvolvimento e escrita da dissertação?
AMPC: Acredito que foi a análise de dados atrelada aos autores utilizados no referencial teórico.
DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da dissertação?
AMPC: Gostaria de fazer consideração ao apoio que recebi da minha orientadora, a Prof.ª Dr.ª Gleice Pereira. Foi tanta dedicação e acolhimento que sai do mestrado direto para o doutorado em Ciência da Informação no programa de pós-graduação na UNESP em Marília.
DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?
AMPC: Foi normal, recebi muito apoio e compreensão.
DC: Agora que concluiu a dissertação, o que mais recomendaria a outros mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?
AMPC: Nesse aspecto, para além das questões levantadas na pesquisa, o estudo apresenta algumas limitações voltadas à amostra escolhida que focalizou apenas nos bibliotecários Gestores. A ideia inicial envolvia os professores do Núcleo de Desenvolvimento Estruturante (NDE), mais mediante a pandemia e por ter sido em um período de fechamento do semestre letivo, não foi possível o envolvimento dos professores. Sendo assim, é válido ressaltar que essa pesquisa não teve a pretensão de esgotar essa temática, sendo relevante para a reflexão por parte dos profissionais e pesquisadores da área da Ciência da Informação e da biblioteconomia influenciando diretamente na oferta de programas de competência em informação planejados de forma colaborativa com professores com a integração curricular e de ensino.
DC: Como você avalia a sua produção científica durante o mestrado (projetos, artigos, trabalhos em eventos, participação em laboratórios e grupos de pesquisa)? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?
AMPC: Já fiz apresentação no Enancib 2022. O próximo passo é publicar um artigo em inglês da metodologia, onde utilizei a metodologia Knowledge Development Process–Constructivist (Proknow-C).
DC: Desde a conclusão da dissertação, o que tem feito e o que pretende fazer em termos profissionais?
AMPC: Fiz minha defesa em março de 2022 e comecei no doutorado em abril de 2022. E tenho o objetivo de ser docente no curso de biblioteconomia.
DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?
AMPC: Teria feito mais leituras de artigos e usado desde o início o Mendeley para a organização dos artigos.
DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de mestrado?
AMPC: O programa me proporcionou ampliar minhas competências e habilidades na escrita científica além do reconhecimento profissional e ampliação do meu conhecimento na área. E pelo programa continuo fazendo submissões de artigos e participando de eventos contribuindo com a avaliação do programa na CAPES QUALIS.
DC: Você por você:
AMPC: Me chamo Alessandra Pattuzzo, meu primeiro emprego foi como auxiliar em uma biblioteca universitária a qual estou até hoje. Ao longo dos anos fui galgando promoções até chegar ao cargo de Gestora de Pesquisa, Extensão e Biblioteca. Uma trajetória que me impulsionou a ser a profissional qualificada que sou hoje. Nesse decorrer também me especializei como designer instrucional do EAD e na gestão de projetos de extensão e pesquisa, que agregaram excelência às minhas atividades de bibliotecária gestora. Amo ser bibliotecária, me encontrei nessa profissão e principalmente de poder contribuir com a transformação dos indivíduos dentro do Centro Universitário que atuo. Para isso, não para de me qualificar e trocar experiências com outros profissionais de fora e de dentro da área da Ciência da Informação e da Biblioteconomia, terminado o doutorado tenho o objetivo de conseguir ser docente do curso de biblioteconomia, com objetivo de passar minha experiência de prática para os futuros profissionais da informação.
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