
Indicadores ambientais para a qualificação da conservação dos acervos do Museu de Astronomia e Ciências Afins, por José Luis Gonçalves Zacarias Junior, Guadalupe do Nascimento Campos e Antonio Carlos dos Santos Oliveira

Indicadores ambientais para a qualificação da conservação dos acervos do Museu de Astronomia e Ciências Afins
José Luis Gonçalves Zacarias Junior, Guadalupe do Nascimento Campos e Antonio Carlos dos Santos Oliveira
goncalveszacariasjunior@gmail.com
A partir do estudo sobre a qualificação ambiental em bibliotecas, percebemos que não existe um sistema capaz de gerar indicadores ambientais para conservação de acervos em Ciência e Tecnologia. Nesse contexto, a dissertação elaborada junto Mestrado Profissional em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia fixa-se na realidade da Reserva Técnica do Museu de Astronomia e Ciências Afins, localizado na cidade do Rio de Janeiro, em meio a clima tropical úmido, apresentando grande variação de temperatura, umidade e poluição atmosférica. Para mensurar a qualidade ambiental no local de guarda foi utilizado o modelo JZIA.
A fonte de informações sobre temperatura e umidade foi baseada no sistema de coleta de dados do Dr. Antonio Carlos dos Santos Oliveira1.
Os dados acerca da poluição atmosférica possuem origem na Secretaria de Meio Ambiente do Município do Rio de Janeiro, tendo a sua análise realizada no período de janeiro de 2022 até dezembro de 2022.
Para a análise, entrada no modelo de qualificação ambiental é necessário identificar e contextualizar o Museu de Astronomia e Ciências Afins, que é uma instituição de pesquisa e ensino que se localiza no bairro de São Cristóvão, onde se encontra localizada a reserva técnica do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST).
Prédio Sede do Museu de Astronomia e Ciências Afins – Reprodução Site.
O acervo museológico do MAST, relatado por Granato e Santos (2010), é definido pelo tombamento do IPHAN, sendo formado por esculturas, equipamentos fotográficos, instrumentos científicos, instrumentos de comunicação, máquinas e motores, máquinas de escrever e mobiliário. Este acervo é composto por cerca de 2300 objetos sendo formado, em sua maioria, por instrumentos adquiridos pelo Imperial Observatório/Observatório Nacional entre 1850 e 1930 e fabricados principalmente na Alemanha, Inglaterra e França e alguns poucos instrumentos produzidos no Brasil. A partir do final de década de 1990, começaram a ser incorporados conjuntos de objetos provenientes de outros institutos de pesquisa, como o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) e o Centro Brasileiros de Pesquisas Físicas (CBPF).
A modelagem do ambiente necessita da entrada de dados contínua dos parâmetros, com o recurso da área de Sistemas de Informação e de modelos computacionais, que colaboram para que seja realizado o diagnóstico da preservação e conservação do objeto cultural de C&T. O objetivo desta modelagem é que sejam gerados os diagnósticos e prognósticos, concedendo o gerenciamento do ambiente de maneira em que o objeto cultural de C&T mantenha a sua estabilidade.
A Prefeitura do Município do Rio de Janeiro expede o Boletim de Qualidade do Ar, que contribui e descreve informações a partir dos poluentes (primários e secundários) que são expelidos em diversos bairros, com a leitura dos dados através de aparelhos de medições com vasta qualidade, para o desenvolvimento de um boletim diário que alerte as pessoas mediante as condições de poluição naquele e em outros momentos.
Tela de Entrada de dados do sistema de qualificação – Imagem do autor.
O modelo matemático desenvolvido para qualificar o ambiente de guarda possui como respostas as informações numéricas e as alfanuméricas, parte da informação necessária e pertinente para o processo de diagnóstico da avaliação da preservação do objeto.
Pode ser racionalizado uma graduação de um até quatro parâmetros entre os itens A, B, C, D e E.
Cada letra da classe está relacionada ao parâmetro de diagnóstico pelo modelo de valor posicional, sendo primeiro a temperatura, segundo a umidade, terceiro a iluminação e quarto a poluição. Assim, será descrito como conjunto classe {A, B, C, D, E} para o conjunto {temperatura, umidade, iluminação e poluição}.
Tela de exemplo: resultado do Armazém A1 da Biblioteca de Manguinhos do ICICT/FIOCRUZ
Com os resultados apurados o sistema de qualificação da conservação do ambiente, mostrará como se comporta o espaço de guarda da instituição de cultura, e com isso terá um selo de qualidade na cor da sua respectiva média, azul igual a ótimo. Se o ambiente obtiver a atribuição da nota 1, verde igual a bom, se o ambiente obtiver a atribuição da nota 1,25, amarelo igual a regular se o ambiente obtiver a atribuição da nota 1,50, laranja igual a ruim se o ambiente obtiver a atribuição da nota 1,75 e vermelho igual a péssimo se o ambiente obtiver a atribuição da nota 2.
Logo, com essa observação das notas os profissionais que atuam com a preservação de acervos e/ou gestor do acervo estarão a par da situação do ambiente para que sejam tomadas as decisões diante dos resultados favoráveis ou não, alterando quando necessário a conservação e a preservação do ambiente para que o mesmo não influencie na degradação do objeto cultural de C&T. Para a identificação visual do resultado do sistema proposto, foram construídos selos gráficos para a classificação direta da qualidade para a eficiência da conservação nos espaços de guarda.
O modelo é alimentado através de informações pertinentes que são coletadas a partir dos servidores dos órgãos públicos e dos sistemas de monitoramento existentes, trazendo uma acreditação desses dados. Por se tratarem de dados de superfície são disponibilizados por sensores de altíssima qualidade, e assim, abrangem toda uma gama de formulação e integração do sistema.
Os selos gerados pelo sistema de qualificação ficarão expostos para a observação dos profissionais que atuam com a preservação de acervos, técnicos e a direção da instituição. A partir da tela disponibilizada pelo sistema, os profissionais da biblioteca poderão se ater para uma possível interdição no ambiente de guarda/reserva técnica, no que se refere a prática de empréstimo do acervo e até mesmo de pesquisa.
Espera-se que esse sistema possibilite o profissional que atua com a preservação de acervo e/ou técnico responsável pela salvaguarda do acervo um monitoramento mais eficaz e acessível, contribuindo, assim, para a conservação e preservação dos ambientes e o monitoramento dos agentes de deterioração que poderão atingir de forma negativa os acervos.
Conheça o Sistema de Qualificação Ambiental JZIA
Sistema de Qualificação Ambiental JZIA. 2023. Disponível em: http://jz.sco.art.br/ . Acesso em 07 maio 2023.
Acesse a dissertação
ZACARIAS JUNIOR, José Luis Gonçalves. Indicadores ambientais para a qualificação da conservação de acervos de C&T. 167 f. 2022. Dissertação (Mestrado Profissional em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia) – Museu de Astronomia e Ciências Afins, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: http://site.mast.br/ppact/2022/dissertacao-completa/jose-zacarias.pdf . Acesso em 08 dez. 2023.
[1] MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS. Disponível em: https://www.jzdigital.com.br/mast/
Sobre os autores
José Luis Gonçalves Zacarias Junior
Doutorando em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins. Especialista em Educação Ambiental pela Faculdade da Lapa/PR. Bacharel em Gestão Comercial pela Universidade Estácio de Sá – UNESA.
Guadalupe do Nascimento Campos
Professora do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Programa de Pós-Graduação em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia do Museu de Astronomia e Ciências Afins.
Doutora e Mestre em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com ênfase em Arqueometalurgia. Pós doutorado em conservação de objetos arqueológicos metálicos pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins. Bacharela em Museologia pela Universidade do Rio de Janeiro.
Antonio Carlos dos Santos Oliveira
Doutor em Museologia e Patrimônio e Mestre em Arquitetura pela Universidade do Federal do Estado do Rio de Janeiro. Bacharel em Museologia.
Bolsista do Programa de Capacitação Institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Redação: José Luis Gonçalves Zacarias Junior, Guadalupe do Nascimento Campos e Antonio Carlos dos Santos Oliveira
Foto: José Luis Gonçalves Zacarias
Diagramação: Pedro Ivo Silveira Andretta