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v. 1, n. 10, dez. 2023
Entrevista com Mayara Silva sobre sua pesquisa que abordou gênero, dominação masculina e informação através de dados estatísticos

Entrevista com Mayara Silva sobre sua pesquisa que abordou gênero, dominação masculina e informação através de dados estatísticos

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Entrevista com Mayara Silva sobre sua pesquisa que abordou gênero, dominação masculina e informação através de dados estatísticos

Mayara Paula Atanásio Soares da Silva

mayara.atanasio@ufpe.br

Sobre a entrevistada

A bibliotecária Mayara Paula Atanásio Soares da Silva, natural de Pernambuco, defendeu sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Pernambuco, sob orientação da Profa. Dra. Nadi Helena Presser.

Mayara tem como hobbies assistir filmes, séries, ler livros, jogar online e navegar nas redes sociais. Atualmente, Mayara segue sua carreira acadêmica como doutoranda pelo mesmo programa de pós-graduação.

Sua dissertação, intitulada “Gênero, dominação masculina e informação: a  violência contra a mulher evidenciada através das informações estatísticas” foi embasada na obra de Pierre Bourdieu “A dominação masculina”, na qual o autor retrata os aspectos culturais perpetuados pela sociedade como forma de poder, dominação e violência de gênero. 

Diante disso, a pesquisa buscou compreender como o machismo pode ser visualizado através dos dados de feminicídio no Brasil, tendo em vista que os dados estatísticos acerca da violência contra a mulher são alarmantes no país.

Mayara nos relata, nesta entrevista, como se deu o desenvolvimento de sua pesquisa e sua experiência no programa de mestrado.

Divulga-CI: O que te levou a fazer o mestrado e o que te inspirou na escolha do tema da dissertação?

Mayara Silva: Durante o período da graduação eu desenvolvi uma afinidade pelos estudos, algo que não era minha realidade no período escolar, sendo assim, vi no mestrado a oportunidade de continuar desenvolvendo minhas habilidades e aprendendo sobre a área que havia escolhido como profissão. A escolha do meu tema de dissertação partiu das conversas com minha orientadora, sabíamos que queríamos desenvolver algo no caminho social da CI e aos poucos fomos construindo a dissertação, após a qualificação conseguimos definir exatamente o que seria feito.

DC: Quem será o principal beneficiado dos resultados alçados?

MS: Quando se faz uma pesquisa com tamanha relevância, espera-se que ela alcance espaços para além da academia, no caso da minha dissertação, os benefícios podem ser diversos, principalmente no que diz respeito à reflexão sobre a violência contra as mulheres, como identificar os diferentes tipos de abuso e a conscientização na comunidade para a preservação da vida feminina. Espero que a proporção dessa pesquisa chegue às mulheres e as ajude de alguma forma.

DC: Quais as principais contribuições que destacaria em sua dissertação para a ciência e a tecnologia e para a sociedade?

MS: Acho que para além do campo da Ciência da Informação, debater os casos de feminicídio no país é de extrema importância para sociedade. Entender a importância do acesso aos dados estatísticos para a produção de políticas públicas e reivindicar que essas informações sejam atualizadas e íntegras são aspectos fundamentais para viver em uma sociedade justa e igualitária.

DC: Seu trabalho está inserido em que linha de pesquisa do Programa de Pós Graduação? Por quê?

MS: Está inserida na linha de pesquisa de número 2, o PPGCI/UFPE se concentra na comunicação e visualização da memória, principalmente nos processos de comunicação enquanto fenômeno de socialização e de valorização do conhecimento científico. Sob esse viés, ao desenvolver minha dissertação busquei atender a esses critérios.

DC: Citaria algum trabalho (artigo, dissertação, tese) ou ação decisiva para sua dissertação? Quem é o autor desse trabalho, ou ação, e onde ele foi desenvolvido?

MS: Foram muitos, mas as obras de Heleieth Saffioti foram cruciais para a minha pesquisa.

Uma dissertação foi bem importante em minha pesquisa que foi de Aurekelly Silva, desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba. 

DC: Quais foram os passos que definiram sua metodologia de pesquisa?

MS: Durante a qualificação consegui definir o objeto de estudo da minha dissertação, o que me auxiliou com os próximos passos. Dessa maneira consegui fundamentar as seções com mais tranquilidade, sanar a problemática e atingir cada um dos objetivos.

DC: Quais foram as principais dificuldades no desenvolvimento e escrita da dissertação?

MS: A escrita para mim se desenvolve de forma tranquila e fluída. Não me vi com dificuldades nessa parte do processo. De forma independente criava metas para a escrita tendo em vista os prazos que precisava alcançar. Assim, consegui ter tranquilidade em cada processo, inclusive com as correções.

DC: Em termos percentuais, quanto teve de inspiração e de transpiração para fazer a dissertação?

MS: 80% inspiração e 20% transpiração. Pesquisei muito sobre o que queria falar, li muitos artigos, livros, analisei portais e tantos outros suportes informacionais. Por mais que a escrita tenha tomado bastante tempo, precisei me aprofundar muito na literatura.

DC: Teria algum desabafo ou considerações a fazer em relação à caminhada até a defesa e o sucesso da dissertação?

MS: De todas as fases que passei em minha vida, a realização do mestrado me exigiu um trabalho intenso no que diz respeito a minha saúde mental. Viver em um país que não valoriza a ciência fez com que eu me questionasse sobre ser uma pessoa útil na sociedade. Além disso, havia sempre um bichinho da sabotagem que me cercava e me fazia crer que tudo que era desenvolvido por mim estava longe de ser o suficiente. Por fim, acredito que a demanda do mestrado e a ansiedade em seu ápice foram um divisor de águas para a forma em que me enxergava enquanto pesquisadora. Ter sido aprovada no doutorado antes de defender a dissertação me deu o gás necessário para fazer a pesquisa com o melhor de mim, e no fim tudo se encaixou.

DC: Como foi o relacionamento com a família durante este tempo?

MS: Sou muito conectada com a minha família e acredito que desenvolver a pesquisa pra mim, de forma tranquila, demandava um bom relacionamento e convivência com aqueles que amo. Nunca me privei dos momentos em família, sempre fui presente e trilhei meu caminho pensando em cada um deles, foi o que sempre me fortaleceu e incentivou.

DC: Agora que concluiu a dissertação, o que mais recomendaria a outros mestrandos que tomassem seu trabalho como ponto de partida?

MS: Seja autêntico no que você defende, acredita e busca. Se você está focando no impacto da Ciência da Informação para a sociedade, para o direito das mulheres, busque sempre fundamentar sua pesquisa em autores que estudam isso por décadas, é entendendo o histórico do problema que podemos identificar onde estamos falhando enquanto coletividade. Acredite na sua pesquisa e no seu potencial, isso é extremamente valioso no desenvolvimento da dissertação e na sua defesa. Avante!

DC: Como você avalia a sua produção científica durante o mestrado (projetos, artigos, trabalhos em eventos, participação em laboratórios e grupos de pesquisa)? Já publicou artigos ou trabalhos resultantes da pesquisa? Quais você aponta como os mais importantes?

MS: Tive pouquíssimas experiências na produção científica durante a graduação, então no mestrado busquei fazer diferente. Já submeti projetos, tive aprovação em uns, alguns ainda estão pendentes para avaliação das revistas e outros em produção. Ainda não consigo definir o mais importante por visualizar que são projetos recentes e em fase embrionária, espero que em breve consiga defini-los.

DC: Desde a conclusão da dissertação, o que tem feito e o que pretende fazer em termos profissionais?

MS: Por enquanto permaneço no caminho do “fazer ciência”, acabei sendo aprovada no doutorado e é onde tenho me concentrado.

DC: Pretende fazer doutorado? Será na mesma área do mestrado?

MS: Estou fazendo o doutorado e até o presente momento focarei nas questões de gênero dentro das vertentes da Ciência da Informação.

DC: O que faria diferente se tivesse a chance de ter começado sabendo o que sabe agora?

MS: Absolutamente nada. Desde muito nova acredito que as coisas acontecem exatamente como devem acontecer. Cresci muito, pessoalmente falando, com o mestrado, durante a escrita da dissertação, nas apresentações, desenvolvimento de trabalhos… Apesar das dores, foi uma delícia todo o processo, principalmente quando colhemos os frutos e as angústias cessam.

DC: O que o Programa de Pós Graduação fez por você e o que você fez pelo Programa nesse período de mestrado?

MS: Nos agradecimentos da minha dissertação pontuo que a UFPE se tornou minha segunda casa, o PPGCI, juntamente com a coordenação de biblio, são ambientes que frequento desde os meus 19 anos, agora com 28 vejo o quanto me sinto segura e acolhida naquelas salinhas do corredor. Sou grata por tudo que tive a oportunidade de desenvolver no mestrado e que futuramente desenvolverei no doutorado.

DC: Você por você:

MS: A cada novo dia conheço uma nova versão minha, de todas elas, a Mayara pesquisadora e curiosa é a que me enche de orgulho. As lutas internas são muitas, mas a segurança de ter escolhido o caminho certo acalma o meu coração.  Serei sempre a filha caçula, a irmã com as melhores tiradas, a amiga sensível e a mãe de pet mais apaixonada que você pode conhecer. Prazer, May.


Entrevistada: Mayara Paula Atanásio Soares da Silva

Entrevista concedida em: 12 jun. 2023 aos Editores.

Formato de entrevista: Escrita 

Redação da Apresentação e 

Fotografia: Mayara Paula Atanásio Soares da Silva

Diagramação: Herta Maria de Açucena do Nascimento Soeiro

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